Vendas de cimento crescem e setor segue otimista


Vendas de cimento crescem e setor segue otimista
Imagem: isaiasrocha.com.br

A autoconstrução, reformas (residencial e comercial) ainda em alta e a continuidade de obras do setor imobiliário são as principais razões de demanda do cimento atualmente. Esses vetores de consumo respondem por aproximadamente 80% da destinação do cimento no país e colaboraram com as vendas no mercado interno, que atingiram, em junho deste ano, 5,5 milhões de toneladas. No acumulado do ano (janeiro a junho) foram vendidas 31,5 milhões de toneladas.

De acordo com dados dos resultados preliminares de junho de 2021 do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), o crescimento nas vendas de cimento no Brasil foi de 1,7%, no comparativo com o mesmo mês de 2020. Porém, o desempenho acumulado até maio era de 19,3% e teve uma perda de 3,5% em junho, passando a 15,8%. 

Apesar da desaceleração no ritmo de vendas do setor, o sindicato acredita que o setor deve continuar com um bom ritmo de crescimento. Em nota no site do SNIC, o presidente do órgão, Paulo Camillo Pena, explicou como ele acredita que o setor de cimento pode chegar ao final do ano com um crescimento aproximado de 6%. 

O aumento das vendas de imóveis residenciais em patamares surpreendentes sustenta o desempenho do setor de cimento, mas impõe cautela para o futuro. É fundamental a continuidade dos lançamentos imobiliários, a manutenção do ritmo das obras, aumento da massa salarial (emprego e renda) e da atividade econômica que manterão o fôlego do auto construtor e a confiança do empreendedor. A infraestrutura continua sendo uma atividade de extrema importância para a indústria do cimento e os resultados dos leilões e concessões ocorridos principalmente a partir de abril começarão a ser percebidos em 2022.

Perspectivas

Para o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento, as perspectivas para 2021 são animadoras. Os principais pontos comemorados são uma melhor perspectiva na questão fiscal, possibilitando um maior gasto público; diminuição dos efeitos negativos da pandemia e avanço da vacinação; e a possibilidade de novos leilões de concessões (aeroportos regionais, saneamento municipal, rodovias, ferrovias) com investimento público em infraestrutura. 

Apesar do cenário otimista, é preciso acompanhar os desdobramentos das reformas administrativa e tributária, a evolução da taxa Selic (o aumento inibe novas construções imobiliárias) e a recuperação do emprego e da massa salarial. 

Estas incertezas se somam à um outro problema, a inflação de custos. A crise hídrica, com significativos aumentos de custos de energia elétrica, irá impactar drasticamente o desempenho da indústria do cimento. Desde 2015 o setor vem sofrendo forte pressão de custos de produção no frete, sacaria, energia elétrica e térmica (coque de petróleo), principalmente. Esse movimento de alta, compromete a sustentabilidade financeira da atividade.

A indústria se esforça no projeto de ampliação dos combustíveis alternativos na busca da redução de emissões e da dependência do coque, um produto majoritariamente importado. A queima de resíduos em fornos de cimento, tecnologia mundialmente consagrada e conhecida como coprocessamento, surge como importante alternativa para redução das emissões no setor, além de representar uma solução ao passivo ambiental. A energia térmica é de longe o maior item de custo para a produção do cimento e a indústria tem como meta a substituição de 55% do coque até 2050.

 

Leia também: Sergipe tem menor custo por metro quadrado do país na construção civil