Mapa da Pobreza mostra realidade preocupante para Sergipe


Márcio Rocha
Márcio Rocha - economista

A divulgação do Mapa da Nova Pobreza, estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra uma dura realidade persistente na vida social dos brasileiros: o indicativo que a pobreza no país aumentou. Em Sergipe não foi diferente, o indicador apresentou um crescimento que acende a luz de alerta e mostra muita preocupação. São 48,17% de famílias que estão na condição de pobreza em nosso estado. A variável considerada é o valor per capita de R$ 497 na renda domiciliar. O que mostra que somos um estado com uma grande parcela da população pobre.

Por cinco anos, entre 2014 e 2019, o indicador de pobreza das famílias apresentou crescimento constante, saindo de 39,14% em 2014, atingindo 44.91% em 2019. A evolução ao longo dos cinco anos foi de +5,77% no percentual de famílias sergipanas consideradas pobres. O ano de 2020 foi um ponto fora da curva, com uma redução drástica de -9,07%, saindo do indicador de 2019, e chegando a 35,94% no ano em que a pandemia estourou e provocou danos sérios na economia empresarial, familiar média e das atividades econômicas como um todo.

Só que as famílias mais pobres contaram com incentivos importantes para não piorarem sua condição, o Auxílio Emergencial e o Benefício de Manutenção do Emprego (BEm). Esses recursos injetados na economia, por parte do governo federal, ajudaram a diminuir os problemas da ausência de renda nas famílias mais pobres e evitaram o desemprego de quase 90 mil trabalhadores que tiveram seus contratos suspensos ou reduzidos enquanto as empresas estavam fechadas. O setor de serviços sofreu muito mais que o comércio, pois passou mais tempo com portas baixas e seus trabalhadores também dependeram mais dos programas do Governo Federal para evitar uma completa catástrofe na sua manutenção e sustento de suas famílias.

Saindo de 2020 para o ano passado, os dados da pesquisa da FGV são de 2021, percebemos um salto muito grande, maior, inclusive, que a redução havida no ano anterior. De 35,94 aconteceu elevação grave de +12,23% no número de famílias pobres em Sergipe, atingindo o indicador de 48,17%. Ou seja, quase a metade das famílias sergipanas têm em sua casa a sombra da pobreza, da insegurança alimentar, da dificuldade de se sustentar, de manter as contas da casa em dia.

Estratificando os resultados por região no estado, encontramos a área do Litoral Sul de Sergipe com a que possui maior concentração de famílias pobres no estado, com 61,79% do total de famílias nessa condição. Em seguida a combinação das regiões Agreste e Sertão, com 54,53% de famílias pobres; Litoral Norte, com 48,25%; Entorno Metropolitano de Aracaju, com 45,68%; e Aracaju, com 35,81% de famílias que se encontram na linha de pobreza. A condicionante de R$ 497 por componente familiar, equivale ao valor de US$ 5,50 por dia.

Existem meios de se combater a pobreza? Sim, existem. Cada vez mais fica claro que a pobreza se combate com programa sociais, mas mais ainda com o estímulo à geração de emprego, promovendo o melhor ambiente de negócios, para que as empresas possam contratar mais pessoas. Não somente isso, pois há a passagem pelo processo de qualificação profissional para que as oportunidades surjam e a pessoa possa acessar o mercado de trabalho. Para duas das três regiões mais afetadas com a pobreza, a resposta é clara: promover o turismo costeiro, para que as comunidades possam ter fonte de renda dentro do seu próprio ambiente de convivência. Investir no desenvolvimento econômico é o melhor caminho para fazer o mapa da pobreza em nosso estado diminuir.