Empreendedoras começam negócios sem capital


Empreendedoras estão mais digitais, informa pesquisa |Foto: Divulgação/Reprodução Pequenas Empresas & Grandes Negócios

Somente 6% têm acesso a investimento-anjo, revela pesquisa da Rede Mulher Empreendedora

De cada dez mulheres que decidem abrir uma empresa, quatro não têm capital para o começo do negócio. O dado é da “Quem são elas”, pesquisa feita pela Rede Mulher Empreendedora em parceria com a KZM Research e divulgada com exclusividade por Pequenas Empresas & Grandes Negócios.

O estudo, feito com cerca de 1,4 mil mulheres, será apresentado amanhã no V Fórum Empreendedoras, em São Paulo. Os dados mostram que 40% das mulheres usam o dinheiro de investimentos, do salário e da rescisão de contrato com uma empresa para abrir as portas de um negócio. Somente uma parcela pequena, 6%, tem acesso a investimento-anjo.

Não são somente esses os problemas. A pesquisa, cuja proposta é apresentar as dificuldades enfrentadas pelo sexo feminino ao abrir ou gerenciar um empreendimento, mostra que 35% das empresas controladas por mulheres têm dividas. E poucas são precavidas: somente 20% delas têm reserva financeira para enfrentar uma turbulência financeira. Já 58% creem que a empresa tem a capacidade de se adaptar aos eventuais problemas financeiros sem ajuda.

A maior parte das empreendedoras recorre a ferramentas digitais no dia a dia: 33% usam planilhas eletrônicas para gerenciar as finanças do negócio; 33% são adeptas de sistemas de gestão mais sofisticados; e 19% têm no caderno de anotações como a ferramenta de controle. 14% delas, contudo, admitem não ter controle algum das contas da empresa.

O descuido com o controle financeiro também está na conta corrente. A metade, diz o estudo, não tem uma conta para a pessoa jurídica. Ou seja, as contas pessoais e da empresa são uma só, o que gera um grande risco para o negócio.

Sonho
As empreendedoras criam as empresas motivadas pelo sonho do negócio próprio.  Durante a pesquisa, 1/3 das empreendedoras revelaram não ter apoio familiar para tirar a ideia de negócio do papel. Por conta disso, elas precisam acumular a gestão do negócio com os afazeres domésticos, além da criação dos filhos.

A pesquisa revela ainda 49% das mulheres comandam as empresas sozinhas. Somente 24% têm sócios. Geralmente, o marido, um amigo ou um familiar é o parceiro na empreitada. Segundo a pesquisa, 33% das empreendedoras faturam, em média, R$ 2,5 mil por mês. 33% conseguem rendimentos de R$ 10 mil mensais; acima de R$ 100 mil por mês, somente 6% delas.

A maioria das empreendedoras está no setor de serviços (59%). O segundo setor de atuação é o comércio (31%), seguido por indústria (7%), terceiro setor (3%) e agronegócio (3%). A casa é o escritório para 51% das empreendedoras. E somente 35% têm um escritório próprio ou alugado.

O estudo revela que a idade média das empreendedoras brasileiras é de 38 anos. As empreendedoras que são da classe A, extrato mais rico da população brasileira, são mais velhas, com média de idade de 40 anos. Na classe C, a média é 30 anos.

Mais da metade delas, 61%, são casadas. A maioria também é mãe: 55%. E 50% delas são chefes de família, ou seja, as responsáveis pelo sustento. A educação também é um ponto forte: 79% têm ensino superior completo.

Evento
O V Fórum Empreendedoras, promovido pela Rede Mulher Empreendedora, será realizado nesta quinta, 22/9; o evento terá painéis, palestras e debates sobre o papel e os desafios da  mulher no mundo dos negócios.

Desta vez, o tema do encontro será “Tecnologia e Inovação para Mulheres Empreendedoras”. O objetivo é discutir como as empreendedoras podem inovar e criar empresas digitais.

Cris Junqueira, co-criadora do Nubank;  Luiza Helena Trajano, dona do Magazine Luiza; Mariana Macario, do Google; e Sonia Hess, da Lide Mulher são algumas das palestrantes do evento. Sandra Boccia e Mariana Iwakura, respectivamente diretora de redação e editora de Pequenas Empresas & Grandes Negócios, participam como mediadoras em dois painéis. O evento será realizado a partir das 9h e segue até às 19h no hotel Maksoud Plaza, em São Paulo.

Por Fabiano Cândido
Pequenas Empresas & Grandes Negócios