Cerca de 85 escritórios de coworking e virtuais existentes em Aracaju estão com as portas fechadas há quase um mês, atendendo a decretos estadual e municipal devido à pandemia no novo coronavírus (covid-19). Sem nenhuma perspectiva de quando os estabelecimentos poderão ser reabertos, os empresários do setor apostam na inovação para atrair, não só os antigos, mas novos clientes, fazendo-os sair do home office.

Assim que foram publicados os decretos determinando o isolamento social e o fechamento do comércio, o empresário Rosivaldo Andrade do Nascimento, pioneiro no segmento de coworking em Sergipe, fechou as portas. Há 20 anos dirigindo o Portal Escritório Virtual foi a primeira vez que ele viu acontecer algo tão atípico. “No primeiro momento houve cancelamento de contratos. Todos nós fomos apanhados de surpresa e entramos em choque. Estamos no vermelho, não temos como pagar nossas contas”, lamenta.
Mas como tristeza não paga dívida, Rosivaldo diz que quando tudo isso passar, ou seja, a pandemia, ele imagina que o setor vai ressurgir de forma positiva. “Neste primeiro momento, todos obrigatoriamente estão em home-office, só que isso tira a disciplina, a pessoa perde a noção de espaço. É esse momento que entrará o escritório virtual, porque ela vai cansar de estar em casa. No espaço compartilhado, ela faz network, mantém contato com outros empresários”, aposta Rosivaldo.
Mas não basta apenas acreditar que dias melhores virão, tem que se preparar. “Quando os meus clientes chegarem, pós pandemia, vão encontrar um outro escritório: mais uma sala, a recepção está sendo reestruturada. Espero concluir essas obras de construção civil o quanto antes”, afirmou.
Ambiente agradável

Os empresários Carlos Elpídio Prado e Viviane Machado, da Job Connect – Coworking e Escritório Virtual – disseram que prepararam “um ambiente agradável e seguro para atender a todos, seja como empreendedor individual, autônomo ou uma equipe de colaboradores, no qual você encontra suporte para garantir produtividade sem as distrações de trabalhar em casa, bem como conforto para atender seus clientes”.
O casal afirmou que, assim como todos os outros negócios, o de coworking e escritório virtual, também estão passando por adaptações diante da pandemia. “Primaremos pela saúde dos colaboradores e nossos usuários para que consigamos enfrentar mais este desafio. As formas de relacionamentos serão remodeladas e auxiliaremos nossos clientes a usarem ferramentas para se adaptarem a este novo modelo de trabalho”, disse o casal.
Assim como Rosivaldo Andrade, Carlos Elpidio e Viviane Machado acreditam que a permanência do trabalho em home office se tornará insustentável num determinado momento. “As estruturas deverão se tornar híbridas, as posições de trabalho terão rotatividade, os escritórios deverão reduzir seus espaços (eles são a segunda maior despesa), colaboradores deverão alternar entre suas casas e estruturas compartilhadas próximas a elas para interagirem com outros profissionais, terem reuniões de trabalho com seus clientes e equipes”, acredita o casal de empresários.
Não é de hoje que algumas empresas tinham planos de colocar servidores em home office, mas só ocorreria a partir de 2021. Porém a pandemia obrigou muitas instituições, a exemplo de bancos públicos, a se anteciparem. E para isso, o CEO da empresa teve que confiar nas equipes de trabalho em suas casas, auxiliando-os a manterem o foco e se organizarem para o trabalho remoto mantendo a disciplina.
“Com a chegada do vírus empresas em todo o mundo se viram na necessidade de continuar sua produtividade levando seus funcionários a um outro nível, o home office. Os menos impactados foram as indústrias, empresas de comunicação e as tidas como essenciais à sobrevivência da população. Uma antecipação de mindset foi instaurada e provocou uma rápida adaptação aos negócios e relacionamento entre empresas, funcionários e clientes”, explicou Carlos Elpidio.
Não dispensou

Há seis meses no ramo, o empresário José Américo dos Santos, da Eco Galeria Laranja Lima, não sofreu um impacto muito grande com o fechamento do estabelecimento, pois, ainda, estava buscando ocupar os espaços. Ele não chegou a dispensar os dois funcionários, mas reduziu o trabalho e, como muitos, ainda não sabe quando retornará à carga total.
“Estou com meu empreendimento todo pronto.”. Ele aposta num decreto do Governo do Estado flexibilizando a abertura destes negócios, como fez na semana passada com hotéis, motéis, pousadas, dentre outros. “É urgente a abertura dentro do ponto de vista econômico, pois está muito complicado”, afirmou José Américo.
Para a fase de pós pandemia, o empresário já tomou a decisão de colocar um ecossistema nos negócios para atrair a clientela. “Não é só alugar salas, mas gerar conhecimento e negócios. O home office tem um impacto inicial, mas a casa não é apropriada para trabalho. Nem todos têm um lugar sossegado e todos vão voltar para os escritórios virtuais. É uma questão cultural”, aposta.
Chamar de seu

Também há menos de um ano no segmento, Brunna Paiva de Amorim acredita que nem tudo se resume no home office e as pessoas retornarão aos escritórios virtuais. E como não há uma previsão para reabertura destes serviços, Brunna está com receio de trabalhar a parte de marketing da empresa, a Top 360, em sua agência de publicidade, a Oba. “Nós não nos preparamos para viver algo desse porte. Estamos todos parados”, lamenta.
Enquanto a Top 360 não abre, Brunna cuida da manutenção do empreendimento e atua nas redes sociais das empresas de sua propriedade. Cuidadosa, ela acredita que os próximos meses pós pandemia serão de insegurança em todos os aspectos.
“Mas, com certeza as pessoas virão nos procurar, porque o home office não se aplica 100%. Todo mundo precisa de um lugar para chamar de seu e o coworking vem fazer esse papel. E quem tem foco no trabalho vai se reerguer. As pessoas vão olhar para dentro de suas empresas, enxugar despesas e seguir em frente. O coworking é um sistema facilitador para isso, porque você só vai pensar em atender o seu cliente da melhor forma possível”, acredita.
O que é coworking?
Para aqueles que não conhecem este termo coworking, Carlos Elpidio explica: “é um ambiente compartilhado que além de ser adaptado ao trabalho, ajuda a manter o foco e favorece o networking com outros profissionais de diversas áreas. Existem milhares de ambientes como estes no Brasil e no mundo, e Aracaju não fica de fora.
Costuma-se dizer que não existe um ambiente melhor do que o outro, mas, existe a sinergia do ambiente com o seu usuário, o coworker, que o escolhe por proximidade de sua casa, dos seus clientes, formato do ambiente, acesso, enfim, ele vai procurar aquele espaço que atenderá melhor suas necessidades. Neste caso, o aracajuano tem espaços excelentes para pesquisar.
Fonte: Portal Só Sergipe