Na linha de medidas emergenciais para fortalecimento da economia nesse momento de pandemia, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou ontem (7) uma chamada pública para seleção de dez fundos de crédito para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) e empreendedores individuais. Esses fundos serão selecionados até o dia 30 de junho próximo. O BNDES pretende aportar até R$ 4 bilhões nesses fundos de crédito para as MPMEs, por meio de sua subsidiária de participações acionárias, a BNDESPAR.
O objetivo é proporcionar financiamento a empresas com pouco ou nenhum acesso a crédito bancário, além de aumentar a oferta de canais de financiamento e incentivar a concorrência entre agentes. O BNDES estima alcançar até 100 mil empresas com esta iniciativa.
O diretor de Participações, Mercado de Capitais e Crédito Indireto do BNDES, Bruno Laskowsky, destacou, em entrevista coletiva pela internet, que essa modalidade de crédito é também estruturante, porque amplia as possibilidades de acesso de crédito para esse segmento econômico e permanecerá após o momento emergencial que o país está vivendo. Além disso, começa a criar as bases para ter um acesso ao crédito mais diversificado e com outros canais que possam trazer a liquidez para o mercado no momento atual e mais à frente.
Canais não tradicionais
A ideia do banco ao lançar esses fundos de crédito é ampliar o acesso ao crédito para os pequenos empresários e empreendedores. “A gente vai utilizar canais hoje não tradicionais no BNDES, estamos falando de ‘fintechs’ (empresas de tecnologia), de grandes operadores de “adquirência”, aqueles que colocam as maquininhas nos pontos de venda. Então, a gente amplia o acesso ao crédito, amplia a possibilidade de acessibilidade desse crédito e adiciona a todos os outros mecanismos bancários que nós temos esse crédito na ponta”. A importância desses novos fundos é fazer chegar a liquidez àqueles que mais precisam. A iniciativa vem ao encontro da preocupação do BNDES com o social, salientou o diretor.
O banco vai escolher até dez parceiros para a distribuição desses recursos. O diretor disse que a ideia é alimentar vários ecossistemas que fazem parte da atividade econômica que acontece na ponta, entre os quais bares e restaurantes, pequenos lojistas, jornaleiros. “Aqueles negócios que, naturalmente, têm uma complexidade nesse momento”.
Tendência mundial
O chefe do Departamento de Gestão de Investimentos em Fundos do BNDES, Filipe Borsato, acentuou que com esses fundos, o banco está seguindo a tendência mundial de ter múltiplos canais de crédito acessíveis a toda a sociedade. Afirmou que através da seleção dos parceiros de crédito, será facilitado o caminho entre os recursos do BNDES e do mercado privado também ao pequeno empreendedor. Esses parceiros de crédito serão no formato digital, em diferentes plataformas.
Bruno Laskowsky observou que será feito um processo competitivo já neste mês de maio para seleção dos parceiros. Com isso, o BNDES também estimula que as taxas cobradas sejam mais competitivas e os prazos de pagamento mais longos. A partir da seleção dos parceiros, será iniciada a parte de estruturação dos fundos, no mês de junho. A expectativa é estar com essas operações na rua entre o final de junho e o início de julho.
Felipe Borsato esclareceu também que os fundos terão duas formas de atuação.Uma é por meio de grandes empresas que podem ser originadores de crédito na sua base de clientes (empresas de maquininhas, de intermediação e de gestão) e outra forma de atuação são as fintechs. “É bom lembrar que isso (busca de crédito) será feito sempre de forma eletrônica”, reforçou.
Segundo o diretor de Participações, esses fundos têm um alinhamento de interesses de todos os participantes da cadeia para que o dinheiro chegue na ponta, “de tal forma que ele alimente e intensifique a relação econômica daquela cadeia e, obviamente também que preserve a ocupação econômica, preserve empregos”.
Expectativa
Laskowsky explicou que o processo competitivo entre os canais que o BNDES está promovendo visa reduzir as taxas limites que foram estabelecidas de 3,5% e 4% ao mês para o tomador final. O importante, frisou Felip Borsato, é que o banco está trazendo novos canais de concessão de crédito de médio e longo prazo para o mercado brasileiro. “O que a gente está fazendo é um vetor de aumento de competitividade no crédito e esse vetor faz uma pressão, naturalmente, de baixa de taxa”.
Borsato espera não só o desenvolvimento de novos canais de crédito para as MPMES e pequenos empreendedores, por meio desses fundos, como trazer novos investidores para a base de ativos, e com retorno crescente. O risco vai ser compartilhado na proporção das cotas que forem subscritas.
O diretor de Participações, Mercado de Capitais e Crédito Indireto do BNDES reiterou que nessa primeira rodada, o BNDES está colocando até R$ 4 bilhões. A BNDESPAR poderá investir até R$ 500 milhões por fundo, limitado a uma participação máxima de 80%, caso subscreva cotas de classe única; ou 90%, caso subscreva cotas de classe sênior. “A nossa expectativa é muito positiva que a gente vai ter um bom grau de resposta”. Segundo o BNDES, pelo menos três em cada quatro financiamentos deverão ser de médio prazo, visando dar fôlego aos clientes finais.
Eventuais dúvidas poderão ser enviadas para o e-mail: chamadampme@bndes.gov.br até o próximo dia 27. Os esclarecimentos serão prestados durante evento que será realizado em formato de conferência online, cuja data será divulgada posteriormente.
Fonte: Agência Brasil