CEO da Outdoor Social revela como lidera a empresa que tem no plano de negócios a inclusão de moradores de comunidades carentes
Combinar o crescimento acelerado de uma startup com a vocação social é um desafio. Mas pode ser recompensador, diz Luiz Fernando Maccheri, CEO da Outdoor Social, empresa que tem como parte do plano de negócios a inclusão de pessoas mais pobres.
A companhia remunera moradores da periferia pela fixação de placas de campanhas publicitárias na fachada da casa deles e busca profissionais das próprias comunidades para trabalhar na instalação das mídias. “Ocupamos um nicho que não era explorado”, diz Maccheri. “São pessoas que não eram percebidas pela publicidade.”
Ex-Nielsen e ex-Santander, o executivo chegou em novembro à empresa, que já beneficiou 30 mil pessoas em 26 estados brasileiros desde 2012 e cresceu 30% em faturamento só no ano passado.
O que faz da Outdoor Social uma startup social?
A ideia de posicionar um produto de mídia exterior que seja interessante tanto para os moradores quanto para os clientes. Estamos indo a locais com menos acesso a recursos, com populações mais humildes, e levando benefícios a elas. Também ajudamos a construir uma cidade sustentável na medida em que exploramos um mercado até então esquecido e proporcionamos recursos financeiros, aumentando o potencial econômico dessas comunidades. Todo o material de mídia exposto é levado depois para a reciclagem, priorizando postos de coleta locais.
Qual a complexidade de gerir um negócio como esse?
Por causa da natureza da operação, há fatores que nunca podemos alterar para aumentar a rentabilidade, por exemplo. Os valores revertidos para as comunidades não podem ser mexidos. É uma restrição e isso faz com que o desafio seja maior. As decisões não levam em conta apenas a sustentabilidade do negócio – precisamos pensar nas pessoas, na inclusão das comunidades. Para conseguimos isso e mantermos nosso crescimento, estamos revendo vários processos, automatizando alguns deles e trabalhando para aumentarmos nossa capacidade de instalar e desinstalar campanhas sem deixar de incluir a população local.
Qual é o perfil do profissional que trabalha em startups sociais?
São pessoas que querem de maneira muito rápida e prática fazer acontecer e fazer a diferença. As eventuais deficiências desses profissionais acabam importando menos, porque eles se motivam com o objetivo a ponto de conseguir superá-las à medida que conhecem mais a natureza do negócio.
Como está o mercado brasileiro nesse ramo?
Está crescendo. Hoje, grandes empresas têm um braço social, e isso acaba alavancando também o surgimento e o crescimento das empresas que já existem com esse caráter intrínseco. Cada vez mais é visível como é importante a gente ter essa conotação social em tudo. E isso pode ser tanto na parte de benefícios que são dados por meio de impostos como em políticas como a contratação de menores aprendizes. Há muito o que ser feito em termos de resolução de problemas ambientais, de moradia e de sustentabilidade.
O que faz valer a pena?
Em poucas empresas tive tão claro o propósito das minhas entregas diárias. Em termos de gestão, me sinto muito mais responsável em fazer esse negócio dar certo, porque sei que a empresa ajuda essa parcela da população. Chego em casa cansado, mas feliz, e isso é espetacular. A conotação social faz com que tudo valha a pena.
Você S/A