Promovido pelo governo de Sergipe, o evento fomentou a cadeia produtiva do artesanato e da gastronomia do estado
Embalado pelo som da banda ‘Fátima Brasil’ e com um sorriso no rosto, o artesão Ademar Lima esculpia a sua arte em madeira enquanto participava do último dia de exposição e comercialização da ‘Casa dos Saberes e Fazeres’, evento realizado no Oceanário de Aracaju, na Orla de Atalaia. “É vendendo e produzindo… isso atrai o público, né?”, brincou.
Oriundo do município de Laranjeiras, Ademar faz parte de um time de artesãos e comerciantes de diversos municípios sergipanos que, ao longo de quase 20 dias, levaram seus trabalhos para a feira. Ele conta que o espaço proporcionou a chegada de turistas, do Brasil e do mundo, interessados em conhecer as produções artesanais sergipanas.
Quem passeava pelo espaço podia ver, além de seu Ademar, vários outros artesãos produzindo suas peças ao vivo – uma prática comum de quem tem consigo o ofício do artesanato e faz de qualquer tempo uma oportunidade de produção. Esse também foi o caso de Denise Santana, artesã integrante do Centro de Artesanato Chica Chaves, de Aracaju. Enquanto aproveitava o último dia de evento, produzia suas peças em crochê.
Ela e a amiga Noêmia Mendonça, também artesã presente na ação, somam quase 50 anos de vida dedicados ao artesanato. “Vou sentir saudade. A gente formou as equipes para vir. Todo dia tinha duas pessoas. Foi legal, foi legal mesmo!”, enfatizou Denise sobre a finalização da Casa dos Saberes e Fazeres, já com expectativa para realização de novos eventos.
Quem também marcou presença foi Jozinete dos Santos, artesã do município de Pacatuba, com uma diversidade de peças produzidas a partir da palha da taboa, desde bolsas, carteiras e chapéus a porta-lapis e tapetes. “É bom participar, porque tanto a gente vende quanto a gente divulga o nosso trabalho”, contou ela que já é artesã desde o ano de 2003 e aproveita essas oportunidades de feira para rever amizades e conhecer, também, trabalhos de outros colegas.
A Casa dos Saberes e Fazeres foi mais um espaço de vivência e de valorização do trabalho, da arte e da cultura que se manifestam na capital e no interior do estado; ressaltando toda a potencialidade sergipana com um saber-fazer que nasce das mãos de diversos artesãos. São essas mesmas produções que encantam turistas e enchem os olhos de quem aprecia, que também garantem o sustento de tantas famílias, como conta a artesã e filha de artesãos, Mirtes Santos, do município de Nossa Senhora do Socorro. “É uma oportunidade muito boa. A gente, que é artesã, que vive do artesanato, precisa muito desse apoio das gestões municipais, estaduais”, disse ela sobre a importância desse suporte para garantia de visibilidade e fortalecimento do artesanato.
Gastronomia sergipana e tradições familiares
Além de peças de crochê, tricô, filé, renda irlandesa, esculturas em madeira e pinturas; o evento também foi dedicado à gastronomia sergipana. Julcimara Floripedes, artesã e comerciante, levou uma série de produtos produzidos pela Associação de Mulheres da Rede Artesanal de Carmópolis (Asmurac), desde licores à biscoitos e doces.
Ela conta sobre a importância desses espaços para pessoas que comercializam produtos artesanais. “[É] mais um local para comercializar, sair do município e expandir os nossos produtos, levar conhecimento para as pessoas com as nossas histórias, com as nossas vivências, nossos saberes… é maravilhoso. A gente consegue vender bastante, consegue mostrar pra outras pessoas de outros municípios e de outros estados tudo que a gente tem de bonito aqui em Sergipe”, afirmou Julcimara.
Além dos sabores de Carmópolis, também houve comercialização de produtos de São Cristóvão, desde os vinhos da ‘Vinícola Possamai’ até a famosa cachaça ‘Pisa Macio’, considerada Patrimônio Cultural e Imaterial de Sergipe. “Foi bom para nós, principalmente em termos de visibilidade. A vinícola, como é pequena, cada vez que a gente expõe em feiras, dá a possibilidade da gente mostrar todo o trabalho que é feito lá”, disse o viticultor Darlei Possamai sobre o seu negócio familiar que já dura mais de seis anos.
Tradição que nasce em família, quem levou o Pisa Macio para comercialização no evento foi a própria neta do criador do produto, João Pereira de Aquino. Carla Aquino, comerciante, conta que a cachaça foi criada por ele ainda na década de 80 e, após o seu falecimento no ano passado, a tradição foi repassada para os familiares. “Essa feira trouxe ainda mais expansão para o Pisa Macio, porque aqui, com a presença dos turistas, a gente conseguiu ampliar para pessoas de outros estados que não tinham conhecimento da cachaça e hoje tem. A intenção da gente, da família, é ampliar, cada vez mais, para que a gente possa estar levando essa tradição adiante e ganhar mais força”, afirmou.
Casa dos Saberes e Fazeres
Espaço de valorização do artesanato e da gastronomia sergipana, a Casa dos Saberes e Fazeres recebeu expositores e comerciantes de diversos municípios sergipanos, entre eles: Aracaju, Barra dos Coqueiros, Carmópolis, Divina Pastora, Estância, Frei Paulo, Itaporanga D’Ajuda, Lagarto, Laranjeiras, Nossa Senhora do Socorro, Salgado e Simão Dias.
Realizado pelo Governo do Estado, o evento foi intermediado pela Secretaria de Estado do Turismo (Setur) e contou com o apoio da Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Empreendedorismo, da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap), do Projeto Tamar, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Sergipe (Fecomércio/SE); além do Centro de Convenções AM Malls Sergipe, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Sergipe (Sebrae/SE) e o Megga Atacadista.
Governo de Sergipe/Agência de Notícias