Com cerca de 1,2 mil profissionais cadastrados para atuar como instrutores dos cursos e oficinas que oferta à população aracajuana, a Fundação Municipal de Formação para o Trabalho (Fundat) leva em conta, para a seleção e contratação desses profissionais, o perfil técnico aliado à sensibilização, de modo a garantir a entrega de serviços cada vez mais humanizado aos aracajuanos.
De acordo com a diretora de formação da Fundat, Sandra Magna Rezende, os profissionais, além de possuírem currículo e experiência, devem apresentar um olhar sensível frente aos anseios dos alunos. “Na maioria dos casos, nosso público é de pessoas que estão desempregadas, em busca de alguma geração de renda. Então, imagine que o professor se depara com mulheres que são vítimas de violência. Já tivemos casos de alunas que faziam curso escondidas do marido. Então, precisamos contratar um profissional que tenha apenas qualificação profissional, mas também que tenha um olhar humanizado, empatia, que tenha essa sensibilidade de entender o aluno”, explica.
Ao longo de todo o ano, Fundat oferta diversos cursos de capacitação que são subdivididos em eixos. Quando são selecionados, os instrutores devem seguir a proposta pedagógica da ementa, mas possuem autonomia para criar as aulas a partir de suas próprias perspectivas e didáticas de ensino.
No caso do professor Flávio Jesus dos Santos, o principal diferencial de suas aulas é o enfoque na prática. Ele conta que ministra cursos e oficinas para a Fundat desde 2018 e a parceria com a instituição se fortalece a cada ano. “Na grande maioria das minhas turmas, que possuem entre 30 e 50 alunos, todos estão desempregados. Como eu estou ativamente na área de recursos humanos, eu tenho o vivencial prático do que está acontecendo no dia a
dia. Então, com essa expertise, eu chego nessas turmas com o atual, do que o mercado está pedindo para os profissionais. E eu não gosto muito daquela parte de teoria, de slide, de muito texto. Utilizo mais vídeos, dinâmicas, para os alunos colocarem a mão na massa. Então, de cada tema, eu trago a metodologia baseada na mão na massa, porque eles precisam executá-la. Não adianta eu levar o conceito, e eles não praticarem”.
Para Flávio, é essa dinâmica diversificada de atuação em sala de aula que traz tantos resultados positivos aos alunos, conforme conta. “Eu sou extremamente feliz e grato porque é um sentimento inexplicável. Chego numa turma que tem um saber limitado, condições financeiras e estrutura limitadas, e chego com o conhecimento que eu acredito que pode transformar a vida delas e isso me deixa extremamente feliz. Tivemos uma oficina de preparação para o mercado de trabalho no mês passado, e eu já estou colhendo frutos. Nas redes sociais que os alunos me acompanham, muitos vêm me dizer que conseguiram emprego, que conseguiram uma entrevista. Isso me deixa extremamente feliz, porque transformar a vida das pessoas por meio da educação é algo que não tem explicação, só quem faz esse tipo de trabalho consegue sentir o quão gratificante é, e emocionante ao mesmo tempo”, salienta.
Professora da Fundat também desde 2018, a Assistente Social Weslânia de Cácia Silva ministra cursos e oficinas para a área de condomínios, focados na qualificação do profissional de portaria e sistema de controle de acesso. Além disso, a professora também ministra aulas para área de agente de limpeza predial, focadas, inclusive, nas relações interpessoais dos futuros trabalhadores.
Weslânia ressalta que o perfil dos alunos é bastante diversificado, exigindo do professor um olhar atento. “Enquanto assistente social, consigo entender um pouco mais do contexto, da necessidade, e da realidade em que esses alunos estão inseridos, e consigo fazer isso com o conteúdo, com prática, com mais objetividade. É um público que chega até nós com um anseio muito grande de inserção no mercado de trabalho. Alguns já atuam no mercado de trabalho, mas a grande maioria está buscando essa oportunidade. Então, tentamos mostrar que é possível ele se inserir, apesar das dificuldades, mas que é necessário também a qualificação. Sempre destacamos a importância de eles estarem atentos aos cursos que a FUNDAT e outras instituições ofertam, para que eles não fiquem pra trás”.
Processo de contratação
Ainda segundo a diretora Sandra Magna, a Fundat prioriza a rotatividade dos profissionais cadastrados no banco de dados. Dessa forma, além de dar oportunidade para todos, a instituição consegue avaliar melhor o desempenho desses professores. “À medida que o profissional traz a documentação e atende as nossas exigências, automaticamente é cadastrado na nossa base. A partir disso, vamos fazendo rodízio até para avaliarmos os instrutores quanto aos seus resultados e o impacto nos cursos”, explica.
Além disso, a Fundação também realiza um monitoramento dos profissionais com uma equipe que avalia o desempenho, bem como a partir de um questionário de avaliação, respondido pelos próprios alunos. “Dentro da diretoria temos uma equipe de apoio pedagógico que observa e monitora as aulas. Além disso, a gente aplica um questionário de avaliação, para o aluno avaliar o nosso curso e a instituição. Realizamos reuniões mensais para observar a dinâmica de aula, a pontualidade e outros quesitos, principalmente se está seguindo a proposta da ementa. Mas, o mais importante, é no momento da contratação observar se o profissional tem o olhar sensível e o atendimento acolhedor. Porque não importa somente aquele elemento de passar o conteúdo. Claro que isso é fundamental no processo. Eu tenho que contratar alguém que atenda as exigências, mas, para além disso, ele tem que ter essa sensibilidade”, destaca.
Ascom Fundat