Criada por meio da pesquisa científica realizada por egressos da Unit, a Aquallufa oferece soluções para reduzir impactos ambientais e conviver melhor com as mudanças climáticas
Por meio das pesquisas realizadas no Programa de Pós-graduação em Engenharia de Processo (PEP) da Universidade Tiradentes (Unit) em voltadas à sustentabilidade, a professora doutora e pesquisadora do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), Sílvia Egues, se interessou em aprofundar seus estudos em catalisadores. “Não sei exatamente como, mas anos após ter começado a trabalhar na Unit, me surgiu o interesse de estudar os catalisadores. Isso aconteceu porque já estava estudando formas de fixar esses pózinhos em um lugar que eu pudesse pegar esse material para fazer a reação ou sorção e remover com facilidade”, conta a professora do PEP.
De acordo com Silvia, embora a ideia seja relativamente simples, a execução nem tanto. “Fixar esses pózinhos em uma matriz tridimensional fixa é a parte difícil da pesquisa, porque se o material não fixar, o pó vai causar outro tipo de poluição. É uma tarefa que tem a sua ciência exata, explica a professora Então começamos a trabalhar com alguns suportes. Dentre eles, o que nos chamou atenção foi a luffa, uma esponja vegetal que serve para limpeza, higiene pessoal, suporte para plantas e outras funções. O material dela é de fácil manipulação, o que a torna um produto barato, que não precisa de muitas tecnologias para o produto final chegar ao mercado”, explica a doutora.
Pensando em promover sustentabilidade e consumo consciente, oferecendo soluções para conviver melhor com as mudanças climáticas e reduzir impactos ambientais, surgiu a startup sergipana Aqualuffa, composta pelos egressos do PEP da Unit, Denisson Santos e Mychelli Andrade Santos, além da professora doutora Silvia Egues.
Em 2019, por meio do Centelha, a startup sergipana começou a ganhar destaque. “Conseguimos impulsionar a pesquisa e a empresa, mas devido a pandemia o projeto ficou parado. Em 2021, quando voltamos ao laboratório, tivemos a oportunidade de continuar a pesquisa e iniciar a fase de teste em larga escala. Agora o que precisamos é de investimento para apresentar os resultados dos testes. Já temos duas empresas interessadas: a Cesar, que é uma grande empresa na América Latina que produz materiais metálicos e a C.A.L. Embalagens”, destaca a pós-doutoranda pelo projeto nacional Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias (INCT) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),vinculado ao PEP da Unit, Mychelli Andrade Santos.
Mychelli conta que se interessou pela pesquisa ainda quando estava no mestrado e estudava um polímero para a fixação do pó para colar na fibra do filtro de poliéster, que serviria para remoção de compostos poluentes na água, com corantes e pesticidas. “Existe uma necessidade de separação de óleo em água, seja por poluição, processamento de indústria petrolífera ou indústria metalmecânica, que usam água e óleo para fazer cortes. No mestrado, iniciei o estudo da separação por meio de um filtro, e no doutorado resolvi investir na bucha vegetal como filtro de suporte dos canalizadores para o estudo da remoção de óleo e água. No doutorado tive pouco tempo para desenvolver em larga escala, mas comecei os testes para apresentar os resultados as empresas interessadas”.
Políticas públicas
O vereador de Aracaju/SE, Breno Garibalde, se interessou pela missão da Aquallufa e no último mês visitou laboratórios do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), sediado no campus Unit Farolândia, onde ocorrem as pesquisas com o objetivo de conhecer um pouco mais da startup.
A pós-doutoranda Mycheli ressalta a importância de políticas públicas municipais de incentivo à pesquisa. Ela disse que quando viu uma publicação no Instagram do vereador Breno Garibalde falando em buscar parcerias para melhorar o tratamento do Rio Poxim, mostrou para a professora Silvia, que já o conhecia, e fizeram o convite para que ele conhecesse a Aqualuffa. “A visita foi muito interessante. Acredito que ele, apresentando nosso trabalho para a população, teremos mais reconhecimento e mais pessoas interessadas no nosso produto. Essa divulgação é muito importante, pois com investimentos, em pouco tempo o produto pode estar no mercado”, frisa.
O corresponsável pela gestão do projeto, o doutor em Engenharia de Processos e pesquisador no ITP, Denisson Santos, destaca que os planos de ações para apresentar o produto a possíveis investidores estão sendo definidos. “Estamos na etapa de desenvolver a escalabilidade e manter a eficiência quando aumentarmos para escala de indústria. Após concluirmos isso, iremos apresentar o produto para o mercado”, conclui.
Startup Aquallufa
Financiada inicialmente pelo Programa Centelha Sergipe, que estimula a criação de empreendimentos inovadores e disseminação da cultura empreendedora no país, promovido em Sergipe pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec/SE) a empresa iniciou a partir de um estudo de catalisadores da professora doutora Silvia Egues.
A startup sergipana, também proveniente do Catalisa ICT, tem a missão de gerar um impacto positivo nos negócios de seus clientes. Seu principal produto consiste na descontaminação sustentável de águas oleosas, realizando esse processo por meio da sorção do óleo e da degradação dos contaminantes oleosos através da reação de fotocatálise.
Essa inovação se destaca no mercado, já que ainda não existe um produto que ofereça tanto a descontaminação quanto a degradação eficaz de contaminantes oleosos. Como resultado, a Aquallufa atende a uma ampla variedade de clientes, incluindo produtoras e transportadoras de petróleo, bem como indústrias que utilizam óleo em seus processos produtivos, como aquelas relacionadas à produção de materiais metálicos.
Em 2022, a empresa passou por aceleração através dos editais Ciclo 2022 do BanriTech e Startup Nordeste – Pernambuco. Adicionalmente, recebeu o Selo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o Prêmio de Boas Práticas 2022, reconhecendo seu comprometimento e desempenho na promoção dos ODS em Sergipe. Além disso, a Aquallufa está buscando ampliar seu portfólio ao promover a certificação B via Sistema B Brasil para empresas nas regiões Nordeste e Norte do país. Nessas regiões, os princípios B, alinhados à agenda 2030 da ONU, ainda são pouco difundidos.
Devido ao seu impacto positivo e engajamento com os ODS da ONU, a Aquallufa foi convidada para integrar a delegação brasileira na 27ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27). Vale ressaltar que a Aquallufa é a empresa-âncora do HUB Xingó de Inovação, que tem como vocação impulsionar ideias e negócios alinhados com os ODS.
Ascom Unit