Como a tecnologia impactou a política


André Torretta, sócio-fundador da consultoria Torreta.br, enumerou aprendizados de Bolsonaro na eleição de 2018 (Crédito: Denise Tadei)

Em 2014, durante a eleição presidencial disputada por Dilma Rousseff e Aécio Neves, a legislação era mais restrita quanto ao uso da internet para campanhas eleitorais. Com novas regras definidas pela Justiça Eleitoral em 2018, como a autorização para impulsionar pago nas redes sociais, o marketing político ganhou novas estratégias.

Se beneficiaram disso Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, e Jair Bolsonaro, presidente do Brasil. “Esses dois caras inventaram coisas que nenhum profissional de marketing estava vendo em termos de tecnologia e marketing cultural. A internet é um espaço que tem mais de dois bilhões de pessoas, então é impossível não existir política”, avaliou André Torretta, sócio-fundador da consultoria Torretta.br, no painel “O que sua marca pode aprender com as campanhas de Trump e Bolsonaro?”, no primeiro dia do ProXXima 2019.

Linguagem

De acordo com o executivo, ambos os presidentes entenderam que a política de hoje é saber falar com o público com uma linguagem mais simples e natural, de forma a atingir a todos, inclusive não-letrados, e estar em contato com seu público-alvo de forma constante, a todo momento, principalmente onde eles se encontram: as redes sociais. “O Brasil é um País ultraconectado. Nós usamos o WhatsApp para tudo. O brasileiro entendeu que é possível fazer negócio e campanha por meio de um aplicativo gratuito. Essa é uma oportunidade grande que é descartada diversas vezes porque é gratuita”, afirmou Torretta. Atualmente, no Brasil há 160 milhões de usuários do WhatsApp, enquanto o Facebook tem 127 milhões.

Obama

Esse movimento, porém, é anterior a eleição de 2018. Para André, Obama se consolidou como rei do Big Data e uma celebridade da intenet. Em 2012, o ex-presidente dos Estados Unidos atingiu a marca de foto mais curtida e retuitada na história do Twitter. No Brasil, o movimento político ganhou força por meio das redes sociais em 2014 com o Movimento Vem Pra Rua. “Em seguida, o Movimento Brasil Livre (MBL) começou a comprar domínios para ganhar alcance. Enquanto isso, a esquerda saiu dos jornalzinhos e foi para os blogs, mas analfabetos funcionais não leem blogs, assistem a vídeos no YouTube. Só agora a esquerda percebeu isso, enquanto a direita está usando esses recursos faz tempo”, contextualiza.

Seis Aprendizados

O executivo listou seis aprendizados da eleição de Bolsonaro este ano: manter frequência de contato com o público através das redes sociais; entender o País e cultura em que vivemos; usar linguagem acessível e direta; usar big data para compreender o público, como fez a Cambrigde Analytica na eleição de Trump ao esmiuçar, por exemplo, que fãs de Lady Gaga não gostavam de Trump e consumidores da marca de jeans Wrangler eram de maioria brancos e simpatizantes do porte de armas; segmentar a comunicação; e aprender que público e privado não existe mais. “Hoje temos que ter ídolos, conhecer a personalidade das pessoas. Antes ninguém conhecia os presidentes de grandes empresas e hoje isso é necessário para saber o posicionamento da pessoa, seus valores e como ele guia a empresa”, exemplifica Toretta.

 

Fonte: ProXXIma