Está em cartaz até final de novembro, no Museu de Arqueologia de Xingó- (MAX), a coleção “Canindé Primitivo”, composta de peças artesanais e artísticas que têm como principal tema as pinturas rupestres de sítios arqueológicos da região de Xingó. Os trabalhos foram desenvolvidos por artesãos da Casa da Cultura e jovens do Assentamento Florestan Fernandes.
A exposição é resultado de três meses de intenso aprendizado para que eles pudessem reproduzir as pinturas rupestres em peças decorativas, utilitárias, moda e acessórios. A metodologia de desenvolvimento da coleção, conduzida pelo Sebrae, incluiu visita técnica dos artesãos e aprendizes ao Museu de Arqueologia para tomassem conhecimento da riqueza arqueológica da região guardada pelo MAX; aulas sobre arqueologia e pintura, realizadas pela historiadora e arqueóloga Beijanizy Abadia, da empresa Opará Arqueológico; e visita técnica à Ecofazenda Mundo Novo para observar as pinturas rupestres em seu habitat natural.
A partir daí cada artesão e aprendiz, dentro de sua habilidade em pinturas e bordados, trabalhou as pinturas rupestres em diversas superfícies: tecido, madeira, pedra, couro, biscuit, conchas, cabaças e até vagens secas de Catingueira.
“Conhecer as pinturas rupestres e saber que essa riqueza toda estava ali, no nosso quintal, foi uma revelação muito grande para nós. E foi um desafio muito prazeroso representá-las em nossos produtos” diz Socorro Fernandes, artesã bordadeira. “Ver aqueles desenhos feitos por nossos antepassados tantos anos atrás, ganhando vida em nossas mãos, foi emocionante”, completa Leda Galindo, que fez pinturas em peças de cerâmica, cabaças e biscuit.
De acordo com Geovânio Darlan, jovem aprendiz do Assentamento Florestan Fernandes, explorar o artesanato é mais uma oportunidade de inserção dos assentados na cadeia do turismo da região. “Com esse projeto a gente aprendeu a enxergar nossas potencialidades criativas. Usamos pedaços de pedras naturais, troncos e galhos e outros materiais que a natureza disponibiliza para aplicar as pinturas rupestres, criando produtos rústicos que contam história”, explica ele.
Um projeto – várias mãos
A coleção “Canindé Primitivo” faz parte da ação “desenvolvimento da produção associada ao turismo”, do Programa Investe Turismo, que é realizado conjuntamente pelo Ministério do Turismo, Embratur, Governo de Sergipe e Sebrae. O Programa contempla seis municípios sergipanos, sendo o Sebrae o realizador das ações locais.
Em Canindé do São Francisco o Sebrae buscou parcerias com o Museu de Arqueologia de Xingó e Prefeitura, por meio da Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte. Contou também com parceria da Ecofazenda Mundo Novo e ainda da Opará Arqueológico, empresa que também está lançando sua plataforma de produtos com temática arqueológica nessa exposição.
“Como profissional da arqueologia participei de ações de educação patrimonial e economia criativa na região de Xingó. Depois disso nasceu a ideia de uma empresa de impacto social que pudesse trabalhar com as comunidades do entorno dos sítios arqueológicos com desenvolvimento de produtos artesanais. Formalizei como MEI-Microeempreendedor Individual e estava prestes a lançar a empresa quando surgiu o convite do Sebrae para participar da coleção Canindé Primitivo, tanto como empresa parceira, como no desenvolvimento de referências arqueológicas e históricas para os artesãos”, explica Beijanizy Abadia, da Opará Arqueológico.
“Nós sempre tivemos artesanato de qualidade para mostrar e vender, mas acredito que a partir de agora essa coleção é que vai representar Canindé para o mundo, porque tem referências que são exclusivas dessa região”, comenta a secretária de Turismo de Canindé, Raquel Carvalho, que está cuidando de agendamentos de visitas de alunos das escolas públicas à exposição.
Os produtos da coleção estão à venda na Casa da Cultura e na loja do MAX. “Nós temos obrigação de receber iniciativas que contribuem para que o conhecimento guardado aqui se dissemine, por isso acolhemos com agrado a proposta do Sebrae”, ressalta Railda Nascimento, coordenadora de exposições do Museu e responsável pela curadoria e montagem da exposição.
De acordo com Bianca Faria, gestora do Investe Turismo, com essa ação o Sebrae contribui para a introdução no mercado de peças artesanais e artísticas de alto valor agregado. “Melhorando a qualidade e variedade da oferta de produtos associados ao turismo se tem um incremento na renda desses artesãos e a ampliação de mercados e perspectivas de crescimento para eles. Sediar a exposição no MAX é uma forma de estimular a visitação a esse importante centro de conhecimento. E o turista passa a ter mais uma opção de produto pra levar pra casa. Ou seja, é uma equação em que todos ganham”.
Fonte: Sebrae/SE