Produção industrial do Nordeste cai 1,2% em outubro


Sudanês B. Pereira
Economista; especialista em TIC e o Desenvolvimento Regional; e mestre em Geografia

A Pesquisa Industrial Mensal (PIM/IBGE) de outubro/2016 mostrou que a região nordeste continua apresentando queda na produção industrial. Em outubro, a produção do Nordeste recuou 1,2%, na série com ajuste sazonal. Na comparação com igual mês do ano anterior, a indústria nordestina apresentou queda de 2,6%. O índice acumulado de janeiro a outubro de 2016 continua em queda (-3,4%), redução mais intensa do que a observada no primeiro semestre do ano (-3,0%), ambas as comparações contra iguais períodos do ano anterior. Considerando a taxa acumulada nos últimos doze meses, o recuo é de 3,8%. Ver o gráfico 1.

Gráfico 1. Produção Física Industrial do Nordeste

Fonte: IBGE, Pesquisa Industrial Mensal (PIM).  (*) Com ajuste sazonal

A produção industrial do Nordeste vem apresentando uma dinâmica irregular ao longo do ano. O único mês de crescimento representativo foi em março, quando a indústria alcançou uma variação positiva de 6,6%. Após março, a região teve alguns meses com crescimento positivo, mas pouco significativo, não apontando para uma retomada mais sustentada da indústria. O mês de outubro de 2016 teve um recuo mais forte (-1,2%) que o mesmo mês do ano anterior (-0,6%), mostrando que a recessão continua forte na região.

Gráfico 2. Nordeste: Produção Física da Indústria Geral (2016)

No índice acumulado do período janeiro-outubro de 2016, o setor industrial do Nordeste recuou 3,4%. O maior impacto negativo sobre o total global veio do setor de produtos alimentícios (-10,6%), pressionado, especialmente, pela menor fabricação de açúcar VHP, refinado e cristal, sorvetes e picolés. Vale mencionar que outros segmentos apresentaram variações negativas, destacando-se os recuos vindos dos setores de produtos de minerais não-metálicos (-19,4%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-13,8%), e de produtos têxteis (-7,2%), além de vários outros que compõem a indústria da região.

Em sentido contrário, os setores de veículos automotores, reboques e carrocerias +7,7% e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis +1,3% exerceram os impactos positivos mais importantes sobre o total da indústria, impulsionados, em grande parte, pela maior fabricação de automóveis, no primeiro; e de óleo diesel, no segundo.

O gráfico 3 ilustra a situação atual das indústrias dos três principais estados do Nordeste. Em 10 meses as maiores economias do Nordeste acumulam uma produção em queda: Ceará (-7,5%), Pernambuco (-11,3%) e Bahia (-4,6%). Se a tendência da economia continuar desacelerando, teremos mais um ano difícil para o Nordeste. Produção em queda, menos empregos, menos renda circulando na economia.

Gráfico 3. Produção Física Industrial do Nordeste