Quando se pensa em um empreendedor adolescente, é possível que venha à cabeça um empreendimento em áreas como tecnologia, esportes ou segmentos mais “jovens”.
Não foi o caso deste empreendedor. O empresário Alberto Júnior, hoje aos 40 anos, começou a empreender aos 15. O ramo, no entanto, era completamente diferente do imaginado para um adolescente dessa idade: Alberto começou no empreendedorismo no setor de seguros de vida.
Motivação
A motivação foi o pai, que trabalhava como corretor de seguros, a quem Alberto ajudava desde os sete anos.
Mas sua primeira empreitada aconteceu mesmo já no Ensino Médio: ele assistia a uma aula no colégio público onde estudava em Porto Alegre (RS), quando viu um grupo de garis pela janela. Ele decidiu, então, pular o muro da escola e oferecer um seguro do pai aos garis.
“Não custava nada oferecer um produto para essa pessoa que tem família e que precisa resguardar algo que é dele”, diz. “Às vezes quem menos tem é quem mais precisa de seguro.”
De fato, ele fechou um negócio com os garis naquele dia. E foi com essa venda “ousada” que, daí para a frente, Alberto não parou mais de vender seguros. Hoje, o empresário é dono do grupo Life Brasil, uma holding que tem diferentes empresas sob seu guarda-chuva e que fatura R$ 30 milhões com seguros e outros serviços do setor.
Mas até chegar lá, o caminho foi longo. Pouco após aquela primeira venda aos garis, Alberto abandonou a escola e levou os pais à loucura. Ele conta que nunca gostou muito de estudar e, com o que ganhava, conseguiu comprar o próprio carro já aos 16 anos.
Porta a porta
Alberto abraçou de vez as vendas porta a porta, função que exerceu até 2007. E não só vendendo seguros: o empresário foi vendedor de itens que foram desde enciclopédias a purificadores de água.
“A venda porta a porta é a mais inteligente que tem, porém é também a mais desgastante. Tem que falar com cinco, seis pessoas por dia, no mínimo. Essa era a minha estratégia”, diz. “Eu chegava a trabalhar 16 horas por dia.”
Desde que começou no setor até quando decidiu se dedicar somente ao administrativo da empresa, ele fez mais de oito mil visitas aos potenciais clientes.
Essa experiência acumulada em diferentes setores deu a Alberto um grande conhecimento sobre como vender.
Hoje, todas as empresas do grupo usam uma metodologia desenvolvida por Alberto, que oferece treinamento aos colaboradores e franqueados. Segundo o empresário, com esse método, a taxa de conversão (quantas pessoas com as quais o vendedor conversa efetivamente compra o seguro) com seu método foi de 54% em 2017, ante a uma média de 21% no mercado de seguros.
Desistir, jamais
A primeira empresa do grupo Life Brasil surgiu em 1998. Mas, até estabilizar o negócio, nem tudo foi fácil. Houve momentos difíceis, em que o empresário teve de “penhorar” ternos e sapatos para colocar gasolina no carro e cuidar da filha. No começo de sua empresa, chegava a emprestar o próprio cartão para pagar os funcionários, ou comprava cestas básicas à prazo.
Com tudo estabilizado, ele começou a abrir novas empresas nos anos seguintes. Em 2012, Alberto criou a holding Grupo Life Brasil. O empresário ainda detém o controle acionário de todas as empresas do grupo. Juntas, retêm mais de 500 mil pessoas seguradas desde 2013.
A empresa atua em três frentes principais: planejamento (para custear serviços de educação e saúde, por exemplo); blindagem de patrimônio (para garantir o inventário e custos do patrimônio caso o dinheiro venha a faltar) e sucessão familiar ou empresarial (em que o seguro pode suprir a compra do sócio minoritário em caso de necessidade). A ideia é estar lá “em todos os níveis da pessoa”, segundo Alberto.
Em 2012, Alberto também lançou o livro “A Lógica – Como ganhar milhões com seguro de vida na prática”, que virou um best-seller do setor e foi lançado no exterior. A obra foi validada pela Million Dollar Round Table (MDRT), uma associação comercial fundada em 1927, que agrega corretores de seguro de todo o mundo e é reconhecida internacionalmente.
O Grupo Life Brasil também chegou a figurar entre as 0,2% melhores do setor na lista da própria MDRT.
Alberto acredita que, uma das razões para o sucesso é fazer o que “ninguém tem coragem e fugir do óbvio”. Sua própria trajetória dá outro exemplo de como ele aplica essa filosofia: o empresário conta que, quando nã”o tinha onde vender, chegou até a vender dentro de presídios para os carcereiros, durante a madrugada.”
“Ninguém gostava de vender num lugar desses, mas eu ia lá dentro, conseguia abertura e oferecia”, diz. “Quem consome seguro de vida? Quem está vivo”.
Fonte: PEGN