Só se protege empregos protegendo as empresas


Por Marco Aurélio Pinheiro,

Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/SE

Somos um país e um Estado mantido pelos pequenos negócios. São eles quem mais empregam, movimentam a economia e muitos deles estão impedidos de funcionar graças ao atual momento, causado pela pandemia mundial de Covid-19, o novo Coronavírus.

Não possuo amplo conhecimento sobre a questão de saúde pública, mas o momento é de lição para todos. Desde antes dessa crise, era necessária uma política voltada à manutenção desses empreendimentos, tendo como objetivo o seu fortalecimento e a regulamentação de profissionais informais, principalmente levando em consideração que ainda sentíamos impactos da crise anterior e o desemprego ainda atingia mais de 12% da população.

Agora, esse planejamento se mostrou ainda mais necessário. E os riscos não são apenas locais ou nacionais, mas em todos os países que adotaram medidas restritivas.

Em um cenário levantado pelo JPMorgan Chase Institute envolvendo cerca de 597 mil pequenas empresas abertas ao menos desde 2015, foi constatado que metade desses negócios possuía caixa suficiente para custear as atividades por 27 dias. Menos de um mês. Um quarto deles possui menos de 13 dias de caixa de reserva. Uma incerteza paira sobre o futuro na atual conjuntura e o impacto disso na economia ainda não é previsto.

Isso é um problema sério. Estamos lutando contra um vírus, procurando manter a calma e a produtividade, mas sabemos que sem o tampão necessário para manter seu custeio temo que muitas empresas fechem para sempre, gerando uma índices de desemprego ainda maiores

Tememos também que os mais de 38 milhões de autônomos, segundo levantamento do Governo Federal, já impedidos de trabalhar no país, continuem sem uma perspectiva de negócio, emprego ou trabalho.

As empresas são importantes não apenas para a economia, mas também para as pessoas. Não tratamos como alternativa suspender contratos, pois temos conhecimento de que esse é um momento difícil para todos. Porém, estamos cada vez mais preocupados com o risco não só de uma recessão, mas de um cenário desolador, maior que o visto em países como Argentina e Grécia, por exemplo.

Vemos com incerteza o futuro de muitos empreendimentos e diariamente dezenas de empresários têm nos procurado querendo uma alternativa que garanta a possibilidade de movimentar seu caixa para manter seus negócios, pagar suas contas e permitir que seus funcionários continuem em seu quadro.

Cuidemos dos negócios para cuidar do futuro das pessoas, pois da mesma forma que nos sacrificamos, é preciso haver outros sacrifícios para que nossos funcionários, seus familiares e toda a economia não sinta os efeitos deste momento.