Pelos menos quatro empresas, entre gestoras e fundos de private equity, estão em conversas com a varejista norte-americana
Após pouco mais de duas décadas no País, o Walmart negocia a venda de parte do negócio no Brasil. A empresa já iniciou a busca por um sócio. Mas, o modelo da operação ainda depende das propostas que forem sendo apresentadas à varejista. Pelos menos quatro empresas, entre gestoras e fundos de private equity, estão em conversas com a empresa. São elas: Advent, Catterton, Carlyle e General Atlantic.
As conversas em andamento com a gestora de private equity Advent International envolveriam a venda de 50% da subsidiária brasileira, informou ontem o jornal O Globo. A Advent não comenta o assunto. Procurada, a varejista também não se manifestou.
A matriz americana está cuidando diretamente das negociações, que neste momento não passam pelo comando da subsidiária. O Goldman Sachs tem assessorado o grupo americano na operação.
Segundo fontes a par da negociação, há uma busca por propostas para se analisar diferentes opções para se estruturar essa operação da forma mais conveniente ao grupo.
É possível que seja avaliada a venda de fatia minoritária e até o controle das duas operações integradas da empresa (on-line e operação de comércio eletrônico), segundo uma fonte. Esta é considerada uma negociação sensível, já que não é uma prática da varejista americana negociar ativos com firmas de investimento. No mundo, o Walmart controla a maioria de seus negócios. Na China, tem um sócio minoritário.
Ao se analisar os interessados, Catterton já tem uma operação de varejo no País – é sócio do St Marche e Eataly. No caso do Carlyle, o fundo tem em seu portfólio outras operações de comércio – o executivo Hector Nuñez, presidente da RiHappy, foi CEO do Walmart de 2006 a 2010.
Pela complexidade do negócio de varejo alimentar, e pelos resultados que a rede vem apresentando, executivos do setor acham que há pouco espaço para ter um número grande de interessados.
O Valor já havia informado, em 2015, que o Walmart poderia deixar a operação no Brasil caso o plano de recuperação de resultados não surtisse efeito na subsidiária até 2018. O plano na época era trocar o comando da empresa, como de fato ocorreu, com a entrada do atual CEO, Flavio Cotini, e seriam dados três anos de prazo para que o negócio começasse a dar lucro operacional de forma mais consistente.
Com 471 lojas e ocupando o terceiro lugar entre os maiores grupos de varejo alimentar do País, o Walmart não cresceu nos anos de 2015 e 2016, quando alcançou vendas brutas de R$ 29,4 bilhões – não há dados do ano passado. Até 2017, quando parou de detalhar resultados do Brasil no balanço mundial, lucros operacionais se intercalavam com perdas nos trimestres.
No País, o Walmart sofreu no passado com erros na condução da operação. Houve excesso de interferência da matriz nos negócios, com a tomada de decisões erradas pela sede. A integração de redes compradas no país levou anos e os resultados demoraram a aparecer. O processo de integração foi finalizado em 2016 e a subsidiária está, neste momento, tocando um plano de R$ 1,5 bilhão para reformar todos os supermercados e hipermercados, na tentativa de dar novo fôlego para a operação. Esse processo estaria trazendo alguns resultados, em termos de vendas, para algumas lojas.
Fonte: Valor Econômico