Do dia para a noite, o planeta criou uma nova forma de funcionamento. Estamos agindo sob o comando da COVID-19, doença que mudou nossos hábitos e cuja desinformação causa o medo. O instinto natural é correr para os supermercados e abastecer a despensa, a geladeira e não morrer de fome, se forçados a uma quarentena.
“Ninguém afirmou que faltaria comida e ninguém em outro lugar do mundo morreu de fome por causa do Coronavírus. Mesmo assim, fotos de gôndolas vazias e supermercados cheios povoam, de modo alarmante, a internet e o imaginário das pessoas. E quando alguém publica uma imagem assim, pratica um grande desserviço à sociedade”, acredita Edmar Bulla , CEO do Grupo Croma .
O especialista lembra que estamos atravessando um momento atípico de estocagem, especialmente de alimentos não-perecíveis. “Para manter gôndolas abastecidas, símbolos da fartura e da segurança, exércitos de repositores, motoristas, carregadores, estoquistas e promotores precisam se mobilizar diariamente. Não são poucos – e também são humanos suscetíveis à contaminação”, lembra. Segundo o CEO do Grupo Croma, o movimento de estocagem fragiliza particularmente a logística, a gestão de estoques e, invariavelmente, a reposição. “Repositores e todos os outros profissionais que atuam nos bastidores e na frente de lojas, responsáveis por manter as gôndolas lindas e perfeitamente cheias, precisam de mais atenção”, afirma.
Na opinião de Edmar Bulla , os varejistas ainda não dedicaram esforços em massa para informar, comunicar e educar. Para ajudar seu supermercado nessa tarefa, ele compartilha 20 iniciativas para preservar a saúde dos profissionais de lojas e operação como um todo, o que é uma das maiores preocupações do setor neste momento, de acordo com sondagem de SA Varejo com executivos do setor em todo o Brasil. As dicas do CEO do Grupo Croma também ajudarão sua loja a garantir a manutenção correta dos empregos e inovar na gestão de recursos humanos. Confira as recomendações:
- Fortalecer parcerias e alianças entre indústria, varejo e governo.
- Valorizar e preservar as relações em toda a cadeia produtiva.
- Criar um fundo de investimento que sustente um laboratório compartilhado de inovação para o varejo.
- Informar claramente aos consumidores que gôndola vazia pode não significar falta de produto, mas apenas um intervalo de reposição.
- Flexibilizar agendas de reposição: varejos devem abrir horários alternativos para receber e repor produtos. Por exemplo, antes de abrir ou depois de fechar a loja.
- Formatar roteiros geográficos alternativos para diminuir deslocamentos.
- Setorizar para repor: isolar setores para reposição em horário comercial.
- Prover equipamentos de proteção completa para o pessoal em loja, incluindo higienização de caixas e áreas importantes a cada duas horas.
- Prover acompanhamento de indicadores de saúde contínuos para os recursos humanos, como temperatura corporal.
- Disponibilizar áreas confortáveis para descompressão ou descanso, devidamente preparadas e higienizadas.
- Flexibilizar para que promotores possam trabalhar também como repositores – e vice-versa.
- Criar um pool compartilhado de repositores e promotores, multivarejo e multi-indústria, para diminuir fluxo e número desses profissionais em loja, evitar desligamentos e otimizar a operação com máxima eficiência, operando de modo alternado e com rotinas intercaladas de reposição.
- Poupar repositores acima de 50 anos ou que façam parte dos grupos de risco.
- Promover job rotation para manter empregos, alocando profissionais em outras funções.
- Inovar em recrutamento de repositores via aplicativos, recrutando pessoas em modelo Uber, em casos emergenciais.
- Criar soluções de transporte de passageiros que cumpram padrões sanitários adequados para levar e trazer pessoas de suas casas para as lojas.
- Subsidiar transporte individual ou reembolso de combustível caso seja preciso.
- Desenvolver e ofertar cursos on-line para reforçar cuidados e capacitar.
- Recrutar somente pessoas que não estejam nos grupos de risco.
- Valorizar a importância desses profissionais e cuidar para que sejam tratados com devidos reconhecimento, dignidade e atenção.