Retomada da produção de frango é ainda um mistério


Em 2016, a produção nacional diminuiu 1,8%, somando 12,9 milhões de toneladas

Após um ano de alta nos custos de produção de frango e de consumo retraído da proteína – que levaram a cortes profundos na oferta no Brasil -, a capacidade de recuperação da produção pelo setor em 2017 ainda é uma incógnita. Em 2016, a produção nacional diminuiu 1,8%, somando 12,9 milhões de toneladas. Recorde, a produção de carne de frango em 2015 havia totalizado 13,1 milhões de toneladas, de acordo com dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

Para José Antônio Ribas Júnior, presidente da Acav (Associação Catarinense de Avicultura), as sequelas do corte feito na produção brasileira de frango podem perdurar por mais tempo do que o esperado. “Penso que o setor deve voltar para o patamar de 2015 só em 2018”, avalia Ribas, que também é diretor de agropecuária da JBS – segunda maior produtora de frango do País.

A atual crise da avicultura também está relacionada ao milho, desta vez no Brasil. Na safra 2015/16, a colheita do cereal totalizou 66,7 milhões de toneladas, com queda de 21,2%, segundo a Conab. Neste ano, a oferta de milho tende a se recompor. Conforme a autarquia, a colheita do cereal na safra 2016/17 deve atingir 83,8 milhões de toneladas no Brasil. Mas, essa recomposição deve se dar principalmente no segundo semestre, com a colheita da safrinha. Ou seja, a chance de retomada da produção brasileira de frango no primeiro semestre é mais limitada.
A recessão também pode limitar a recuperação da produção de frango no Brasil. “Não adianta ‘superofertar’ o mercado”, diz Ribas. Sem demanda, produzir mais frango significaria apenas reduzir margens. No cenário traçado por ele, a oferta mais restrita e os preços mais baixos do milho farão com que a rentabilidade da indústria melhore.

Alex Lopes, analista da Scot Consultoria, também aponta o consumo interno como um fator de incerteza. “A melhora da demanda doméstica depende muito da recuperação da economia”, diz, lembrando que as previsões para crescimento do país neste ano têm diminuído. Mas ele pondera que, por ser mais barato em relação a outras carnes, o frango pode se recuperar mais rapidamente.

Valor Econômico