O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Rio de Janeiro (Sebrae/RJ) quer ampliar a competitividade dos pequenos negócios da cadeia produtiva do turismo que atuam na orla carioca, tornando a atividade mais atrativa e com maior valor agregado para os produtos e serviços destinados aos turistas e moradores.
O projeto Fortalecimento do Turismo nas Praias da Zona Sul foi apresentado na terça-feira (1º) e a expectativa é que até o encerramento do projeto, em dezembro de 2018, o faturamento dos negócios das praias possa crescer 9%.
A iniciativa foi elaborada com base em um mapeamento feito entre agosto e outubro do ano passado em 15 praias da capital fluminense com 1.238 entrevistados, dos quais 50% são barraqueiros e 50% vendedores ambulantes. A pesquisa atualizou perfil inicial dos empreendedores e empreendimentos de praia, efetuado em 2012.
A sondagem identificou que os entrevistados têm faixa etária de 37 a 46 anos (33,7 %), 80,6% são homens, 50,6% têm ensino fundamental completo e, embora 99,2% dos negócios não tenham Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e 25,5% não tenham Taxa de Uso de Área Pública (TUAP), 44% dos empreendedores demonstram interesse em formalizar seu negócio.
O analista do Sebrae-RJ Bruno Fernandes disse que o projeto objetiva elevar o nível de formalização desses empreendimentos. “A pesquisa mostra um nível de informalidade muito grande. A ideia é que a gente, com as ferramentas que o Sebrae-RJ oferece, que basicamente são as informações e o direcionamento para a formalização, a gente consiga fazer a diferença também nesse aspecto”.
A sondagem revela também que os proprietários de barracas e ambulantes trabalham nesse mercado entre 6 e 15 anos (43,8 %) , há mais de 25 anos (8,6 %) e com tempo superior a 35 anos (3,7 %) . Na alta estação, os entrevistados informaram que a média de atendimento oscila entre 100 e 125 clientes por dia, com média de R$ 81 gastos por cliente. O faturamento médio mensal das vendas na alta temporada foi apontado por 29,2% dos consultados entre R$ 5 mil e R$ 10 mil. De acordo com o Sebrae-RJ, as praias da Barra da Tijuca, Ipanema e Copacabana concentraram 54% das respostas.
Proposta
Fernandes disse que, a partir do resultado da pesquisa, a entidade propôs uma série de soluções dentro do projeto lançado nessa segunda-feira, focado na qualificação do empreendedor de praia e estabelecendo uma ligação com outros empreendimentos situados no entorno da orla.
“A ideia é que a gente capacite, qualifique esses empreendedores e faça uma interlocução deles com hotéis, pousadas, restaurantes e agências de turismo. Que a gente consiga integrar toda a cadeia produtiva do turismo que está na orla e no entorno e, automaticamente, aprimore a experiência turística, qualifique a imagem do Rio de Janeiro como destino de sol e praia”, disse Fernandes.
As ações propostas para fortalecer a cadeia produtiva do turismo e a economia da praia envolvem políticas públicas, capacitação empresarial, associativismo, acesso a mercado, promoção da praia, sustentabilidade, incluindo a acessibilidade. Nos dias 21 e 22, o Sebrae-RJ promoverá encontro dos empreendedores da praia com representantes do “trade turístico” (conjunto de equipamentos da super-estrutura do produto turístico) do Rio de Janeiro, para traçar um plano de ação de desenvolvimento dessas ações.
Fernandes informou que algumas ações de capacitação, como a apresentação do conceito de Destinos Turísticos Inteligentes, serão feitas em setembro e outubro deste ano, antes do início da alta temporada turística.
O projeto vem sendo trabalhado desde abril, a partir de reuniões com a prefeitura, órgãos e entidades do setor de turismo, entre as quais a Associação Brasileira das Agências de Viagem do Rio de Janeiro (ABAV/RJ), Associação Brasileira de Empresas de Eventos (ABEOC) e a Associação do Comércio Legalizado de Praia (Ascolpra).
Expectativa
O presidente da Ascolpra, Paulo Juarez, o Paulinho, disse que a perspectiva é otimista em relação ao projeto do Sebrae-RJ. “Toda iniciativa acaba sempre tendo resultado. É o que a gente espera”, disse. “Em função da crise no estado do Rio de Janeiro e da violência, a gente está vendo o turista indo embora, não vê turista voltando, e é preciso tomar providência”.
Paulinho acredita que as ações que serão empreendidas vão contribuir para aumentar os negócios da economia da praia. Ele citou uma experiência feita há cinco anos de capacitação de um grupo de barraqueiros, cujo faturamento se multiplicou. Ele aposta que o novo projeto apresentado nessa segunda-feira terá efeito também benéfico para os negócios da praia.
Agência Brasil