Com o objetivo de auxiliar áreas como a mobilidade urbana e a segurança pública, por meio da análise de imagens e com base em Inteligência Artificial, a empresa sergipana BK Telecomunicações foi uma das contempladas pelo Programa de Apoio à Inovação em Empresas Brasileiras (Tecnova II), promovido pelo Governo do Estado e executado pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica (Fapitec/Se).
A proposta submetida no edital chama-se ‘Projeto Ciclope’ e surgiu da ideia de maior aproveitamento da capacidade do data center da empresa, como forma de resolver alguns problemas identificados em visitas aos clientes, como explica o coordenador do projeto, Welliton Sá. “Como atendemos a comunicação de dados de vários setores, vimos que existia uma deficiência muito grande de soluções tecnológicas em áreas como mobilidade e segurança pública. O tratamento analítico de imagens é bastante limitado, caro e com tecnologias de fora do país”, explica.
Segundo Welliton Sá os softwares de inteligência artificial que existem em uso são desenvolvidos para as demandas do mercado externo, e algumas necessidades do Brasil não são atendidas. “Analisamos essas necessidades e quando conversei com a minha equipe de pesquisa e desenvolvimento surgiu a ideia do Projeto Ciclope”, completa.
O propósito do projeto que envolve Inteligência Artificial é fazer com que o Estado deixe de ser importador e passe a ser exportador de tecnologia nessa área. “Essa tecnologia é pouco explorada aqui no Brasil, pois geralmente todo o processamento é feito fora do país, por empresas estrangeiras que usam plataformas fechadas, similares a uma “caixa preta”. Nosso software é auditável, código aberto e o processamento é todo local. Estamos investindo na construção de um data center de alta capacidade, eficiência e com o que há de melhor na computação científica, exatamente para fazer esse processamento com o software e o hardware dentro do Estado, e a partir disso a gente passar a exportar essa tecnologia para a região”, reforça.
Aplicabilidade
Na área da segurança pública, o Projeto Ciclope se diferencia oferecendo uma tecnologia que pode ajudar além da identificação das placas dos carros, como fazem alguns softwares existentes atualmente. A proposta oferece a checagem se algum carro é clonado ou não, conseguindo ter uma imagem de todo o veículo e da avenida. No estágio atual de desenvolvimento já é possível identificar a cor do veículo, o modelo e o fabricante, e isso permite fazer uma checagem em uma base de dados e confirmar se é uma placa clonada, além de facilitar uma possível abordagem policial, pois também é possível identificar os ocupantes do veículo.
Já na mobilidade urbana, a solução apresentada é um sistema de coleta de dados e processamento de informações para auxiliar na tomada de decisões e planejamento eficiente da mobilidade urbana.
No momento, o projeto está na segunda fase de testes, onde são realizadas verificações em escala, processando várias imagens em paralelismo e aprendizagem de máquinas. Em seguida, devem ser feitas as primeiras provas de conceito com os clientes, o que deve acontecer até o início de 2022.
Welliton Sá informa que o incentivo do Governo foi importante para consolidação do projeto, pois, através dele, está sendo possível acelerar o processo, contratando mais pessoas e entregando mais do que estava previsto no cronograma. “Com a verba que a gente tinha para esse projeto, passaríamos o dobro do tempo para colocá-lo em prática. Porém, com os recursos do Tecnova II, reduzimos pela metade o tempo para a entrega e exploração comercial. Isso na tecnologia é fundamental, pois as soluções evoluem muito rápido e quem conseguir entregar primeiro os produtos têm maiores chances de sucesso. Com o produto desenvolvido, vamos ampliar nossa área de atuação e carteira de clientes. O pioneirismo na região, auxiliado pelos incentivos do Governo do Estado através do Tecnova II, serão revertidos em geração de empregos e aumento de arrecadação”, finaliza o coordenador do projeto, Welliton Sá.
Para o diretor da Fapitec, Ronaldo Guimarães, o Projeto Ciclope tem grandes diferenciais, e mostra o quanto a contribuição do Tecnova II está sendo importante para as empresas contempladas. “Este é o nosso objetivo. Abrir oportunidades, a partir dos nossos editais, para as empresas sergipanas, sempre fomentando a inovação em diversas áreas”, finaliza.
Leia também: Moeda digital brasileira está no radar do Banco Central