Arthur Bispo do Rosário é um dos maiores artistas contemporâneos do Brasil, com referência internacional.
Durante 50 anos, o artista japaratubense Arthur Bispo do Rosário (1909 – 1989) viveu internado em um hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro. Foi nesse período que construiu a sua obra, considerada um marco na arte contemporânea. Usando um cobertor velho, ele fez um manto bordado com símbolos e palavras, que se tornou uma das suas criações mais importantes: o Manto da Apresentação. O artista foi diagnosticado com esquizofrenia paranoide.
“Negro, pobre, louco, asilado em um manicômio… um homem inquieto e que não se enquadrava na normalidade. Ao ser descoberto como artista, Bispo do Rosário viveu durante 50 anos criando e recriando suas coisas para seu novo mundo, dentro da sua cela. O legado dele é grandioso, especialmente no campo das artes plásticas. Ele confeccionou diversos objetos de arte que se dirigiam ao mundo sensível, tendo como base a sua religiosidade, caracterizada com o objetivo de servir a uma missão, aproveitando-se dos materiais de uso cotidiano”, diz o historiador da Universidade Tiradentes, Dr. Rony Rei.
As obras foram produzidas entre os anos 1950 e 1980 durante as oficinas de arte na Colônia Juliano Moreira. Dentre as suas obras, o historiador destaca: A História Universal, Colônia Juliano Moreira, Grande Veleiro, Talheres Assemblage e Vitrine-fichário. “Mas sem dúvida, umas das maiores criações, o chamado Manto da Apresentação é uma vestimenta que sempre esteve com o artista em ocasiões especiais e é muito procurada pelos admiradores, inclusive tem uma reprodução dele no Museu da Gente Sergipana”, afirma.
Museu
Após a sua morte, em 1989, as suas obras foram abrigadas pelo Museu Nise da Silveira, no Rio de Janeiro. Nos anos 2000, o local mudou de nome para homenagear o principal artista do seu acervo. São mais de 1500 objetos criados por Bispo e outros pacientes da Colônia, mas a maior parte da coleção é do artista sergipano, formando um acervo de reconhecimento nacional e internacional.
Na década de 1990, o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) do Rio tombou o conjunto de obras de Arthur Bispo do Rosário. Em 2018, aconteceu o tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira (IMASJM) é responsável pela preservação, conservação e difusão da obra de um dos expoentes da arte contemporânea.