A inovação empresarial em direção ao futuro pós-Covid é tema do estudo Beyond Boundaries, realizado pelo Lenovo Group. O relatório examina os caminhos que as empresas estão tomando para satisfazer a demanda reprimida e desbloquear o crescimento, com olhar para o desemprenho social e ambiental.
Os avanços da comunidade científica na produção, em tempo recorde, de vacinas chamaram a atenção do mundo em termos de inovação. O mercado empresarial, por sua vez, não ficou para trás e encarou a pandemia como um catalisador de transformação, fazendo com que o modelo de trabalho fosse possível com liberdade geográfica, ou seja, pudesse ser realizado de qualquer lugar.
De acordo com o estudo, as empresas reconhecem que a diversidade está diretamente relacionada à inovação bem-sucedida, porém isso faz com que seja necessário um trabalho maior a ser feito para que os indivíduos sejam autênticos no trabalho. Uma das necessidades levantadas é o rompimento da cultura empresarial sufocante e hierárquica. Dessa forma, muitos líderes estão lutando para adotar ambientes de trabalho menos tradicionais.
Percebeu-se que a agilidade dos negócios leva a uma maior inovação. No entanto, há temores de que esses ganhos sejam perdidos à medida que as empresas voltem ao escritório ou adotem um modelo híbrido que divida o trabalho entre local e remoto.
Números da pesquisa revelaram que, apesar de toda a clareza existente em relação à importância em inovar, 59% das empresas afirmam que inovações são descontinuadas por serem muito arriscadas ou experimentais.
De acordo com o Beyond Boundaries, quanto maior a empresa, maior a probabilidade do uso da inovação para o impacto ambiental. O estudo identificou que 49% das grandes empresas têm, como um dos principais impulsionadores da inovação, a melhora do seu desempenho geral em sustentabilidade ambiental. Além disso, 60% das grandes empresas dizem que a crise catalisou seus esforços para usar a inovação para melhorar o desempenho social e ambiental.
O que mudou no setor de TI
A pandemia fez com que as barreiras físicas, que já não eram tão impeditivas para o trabalho no setor de tecnologia da informação, fossem extintas. A concorrência para uma vaga de emprego, por exemplo, ficou ainda maior, pois qualquer candidato de qualquer lugar do mundo pode aplicar para o trabalho sem se preocupar com custos de mudança para outra cidade, já que, agora, as empresas estão ainda mais abertas ao trabalho remoto.
Hugo Dória, diretor técnico da Popcode, empresa sergipana de desenvolvimento de aplicativos, relata que um dos grandes desafios atuais como gestor é a retenção de talentos. “Antes da pandemia, quando um colaborador da Popcode recebia uma proposta para trabalhar para uma empresa em São Paulo, mesmo com uma oferta de salário superior ao que ele recebe em Aracaju, ele descartava a oportunidade por perceber que o custo de vida aumentaria muito, já que uma das exigências era que ele se mudasse para a capital paulista, e o aumento no salário não compensaria. Agora, o profissional de TI recebe propostas não apenas de empresas de São Paulo, mas também de outros países, para ganhar o salário em dólar e sem precisar sair de Aracaju. Isso fez com que o turn over na empresa aumentasse muito”, explica.
As empresas de TI tiveram, diante desta nova realidade, que se reinventar. Muitas passaram a investir em benefícios que pudessem agregar valor ao salário e fazer com que o profissional escolhesse permanecer na empresa, mesmo diante de novas propostas.
Os benefícios vão desde plano de saúde, plano odontológico e vale alimentação a reembolso em caso de cursos profissionalizantes e certificações adquiridas, além de auxílio para aulas de inglês e atendimento com psicólogo. Tudo isso com dois objetivos: o bem estar do funcionário e a inserção da empresa de maneira mais competitiva no mercado. Hugo conta que adotou essa estratégia, o que fez com que a sua empresa conseguisse trazer talentos de outros lugares para trabalhar na Popcode.
“Já não há mais espaço para aquela jornada de trabalho tradicional. Os funcionários aprenderam a ter mais liberdade e querem manter isso. Liberdade para tomar decisões, liberdade de espaço, de tempo e geográfica. Para eles é ótimo e para a empresa também pode ser, pois assim nós podemos ter profissionais de qualquer lugar do mundo trabalhando conosco”, destaca Hugo.
Uma das formas que as empresas encontraram para não deixar o trabalho maçante e diminuir a hierarquia dentro da empresa foi dar mais autonomia para os colaboradores. Muitos funcionários, com este novo modelo de trabalho, escolhem seus horários mais produtivos para realizar as tarefas demandadas. Se, por um lado, isso traz mais responsabilidade para o time, por outro os profissionais passam a analisar com mais cautela as necessidades da empresa e as suas próprias, para que isso não coloque em risco o emprego.
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