Assim como o PIX, que se tornou rapidamente a opção mais utilizada para realização de transferências de valores e desponta como uma forma de pagamento avançada para o consumidor, já promoveu transformações na vida econômica das pessoas, o Banco Central traz mais uma inovação que pode ser muito benéfica para o consumidor, o Open Banking. Mas o que é isso? Vamos descomplicar, então.
O Open Banking é um processo que envolve uma série de regras e aplicações tecnológicas que permitirá ao consumidor de serviços bancários compartilhar seus dados, informações e serviços contratados com um banco, para outras instituições financeiras por meio da integração de seus respectivos sistemas. O poder para compartilhar essas informações é do consumidor. Ou seja, os bancos não poderão acessar nada sem que a pessoa permita. Se assim o cliente permitir, as instituições financeiras deverão compartilhar as informações permitidas pelo cliente, seja ele CPF ou CNPJ.
Descomplicando ainda mais… Se você é cliente de uma operadora de cartão de crédito e desejar que outras operadoras tenham conhecimento do seu consumo, seu limite e sua regularidade de pagamento das faturas, você quem vai decidir se quer isso ou não. Se permitir o acesso às suas informações, outras operadoras de cartão poderão lhe oferecer vantagens diante do seu quadro atual, como taxas de juros menores, ausência de cobrança de anuidade ou redução dos valores mediante determinado valor consumido mensalmente, cartões suplementares, entre outras vantagens. E assim segue para todas as operações bancárias que você tiver, como ofertas de crédito mais vantajosas. E isso vale também para empresas. Se o compartilhamento das informações for permitido, uma série de ofertas poderão ser feitas por outras instituições financeiras para o negócio.
O que deve acontecer com a chegada o Open Banking? As pessoas físicas e jurídicas deverão ter maiores ofertas de vantagens de acordo com o seu consentimento. Bancos querem clientes e para isso, fazem qualquer negócio, literalmente. As condições das instituições serão ofertadas para você ou sua empresa de acordo com sua renda, fluxo de caixa, capacidade de endividamento, pontualidade em arcar seus compromissos, entre outros fatores. O modelo desenvolvido não é uma invenção brasileira. O Open Banking já existe em outros países, a exemplo do Reino Unido e Austrália, e tem sido um sucesso para o consumidor.
E como bancos fazem qualquer negócio, os que possuem sua carteira de clientes não quererão perder sua base de sustentação e contratação de operações. Esses bancos, para não perder clientes, irão ofertar vantagens para que a pessoa ou empresa permaneça ligada à instituição. Isso pelo receio de ter um esvaziamento da base clientelística. E com o Open Banking, também não é necessário que suas operações financeiras sejam mudadas. Poderá haver também apenas a sugestão de ofertas quando você precisar da contratação de um serviço. Mas como banco não espera, claro que o telefone irá tocar, os SMS irão chegar e todas as tentativas de contato possíveis serão feitas. O funcionamento do serviço contará com a regulação do Banco Central.
Ah, mas e a LGPD, que entrou em vigor neste ano, como fica nisso? Justamente por ela existir é que você será o principal agente no compartilhamento das suas informações. Nenhuma instituição poderá pegar seus dados aleatoriamente para lhe oferecer quaisquer produtos ou serviços. A decisão sempre será sua.
Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT e radialista formado pela UFS, especialista em jornalismo econômico e empresarial, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 22 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.