Por determinação da Agência Nacional do Petróleo e Gás Natural (ANP), a partir desta segunda-feira (3), a gasolina vendida no Brasil deverá atender novos padrões internacionais de qualidade.
Segundo a ANP, será dado prazo adicional de 60 dias para as distribuidoras e de 90 dias para os revendedores se adequarem, permitindo o escoamento de possíveis produtos comercializados até o último domingo (2) ainda sem atender integralmente às novas características. Com a mudança, espera-se também um aumento nos preços, embora ainda não se saiba de quanto.
O principal fator que sofrerá mudanças no combustível é a octanagem, isto é, sua capacidade de resistir à queima dentro do motor, e, consequentemente seu rendimento. O índice de octanagem da gasolina comum passará de 87 a 91, o que representa uma redução de 4% a 6% no consumo a cada quilômetro rodado. De acordo com a Petrobras, esse ganho “compensará uma eventual diferença no preço da gasolina”.
Isso poderá ser verificado especialmente em carros mais novos, que, por terem o motor mais potente, não atingiam toda a sua capacidade com a gasolina antiga. Em alguns casos, o combustível chegava a danificar o motor a ponto de gerar prejuízos aos consumidores – com a octanagem mais baixa, os veículos podiam sofrer com a chamada “pré-detonação”. Nesses casos, o combustível não resistia à alta compressão do motor, e a queima acontecia antes da hora, causando o problema conhecido como “batida de pino”.
A mudança busca padronizar o produto comercializado para o consumidor brasileiro. Nos últimos 10 anos, o Brasil aumentou em 10 vezes o número de barris importados, fazendo com que grande parte da gasolina vendida por aqui viesse de fora. Isso gerava uma disparidade na qualidade do combustível, uma vez que havia grandes diferenças entre o produto nacional e o importado.
Além da fixação de limites para a octanagem, a revisão da especificação da gasolina automotiva contempla outros dois pontos: um valor mínimo de massa específica (ME), de 715,0 kg/m3 (que também significa energia e menos consumo) e um valor mínimo para a temperatura de destilação em 50% (T50) para a gasolina A, de 77,0 ºC. Os parâmetros de destilação afetam questões como desempenho do motor, dirigibilidade e aquecimento do motor.
A nova gasolina também será mais difícil de ser adulterada. “Muitos fraudadores de combustível adicionam produtos muito leves à gasolina para ganhar volume, produtos baratos”, explicou à Agência Brasil o especialista em combustíveis da Petrobras, Rogério Gonçalves. Com uma gasolina mais leve, essas fraudes eram mais difíceis de identificar, diferente do que acontece com o combustível mais denso.
O próprio consumidor pode exigir que os testes sejam feitos, na hora de abastecer. “Hoje, há a resolução que diz que o consumidor pode pedir ensaios de qualidade aos postos. Um deles é o de massa específica. Se, por acaso ele pedir, pode ver se está acima de 715 kg/m³”, lembra Alex Rodrigues Medeiros, especialista em regulação da ANP, em entrevista ao Auto Esporte.
Fonte: ANP/Agência Brasil/Auto Esporte