Dos nove estados da região, apenas Maranhão, Alagoas e Sergipe, além da faixa litorânea, estão com percentual de umidade dos solos favorável, acima de 20%, chegando a 30% em território Sergipano. Todas as demais áreas da região já se encontram afetadas, totalizando 844 municípios em situação de emergência. Em Sergipe apenas 8 municípios ainda estão em situação que demanda urgência: Poço redondo, Porto da Folha, Monte Alegre, Gararu, Canindé, N.S. da Glória, N.S. Lourdes e Carira.
Em dezembro do ano passado, Sergipe registrava índice pluviométrico 50% abaixo do esperado e, como consequência, agricultores tiveram perdas de animais e lavouras. Algo em torno de 233 mil pessoas, em 21 municípios, foram duramente castigadas. A região de Poço Redondo, no alto sertão do estado, muito sofreu com o esvaziamento de açudes e barragens, levando moradores locais a buscarem o auxílio de carros-pipa.
Este ano, entretanto, graças a intensidade dos índices pluviométricos, há comemoração por parte dos agricultores que se mantinham preocupados com a escassez de chuvas até maio. Os índices positivos resultam nas barragens e açudes cheios, assim como no campo verde. Em Itabaiana, município do Agreste, por exemplo, eram esperados 166 mm de chuvas, mas a intensidade chegou a 340 mm. Segundo dados do Monitor e Secas, Sergipe e Alagoas foram os estados que apresentaram, percentualmente, áreas com maiores volumes de chuva, o que se refletiu na saúde da cobertura vegetal.
Reflexos da seca na produção de Leite em Sergipe
Em Sergipe a incidência da seca é constante e provoca prejuízos para agricultores e pecuaristas, que sofrem com a perda do rebanho, acompanhada pela queda na produção da bacia leiteira, em consequência da escassez de alimento nos pastos. Porém, durante este ano o alto volume de chuva tem contribuído para amenizar os impactos causados pelo problema que acomete principalmente o alto sertão do estado.
Com o objetivo de ampliar o parque industrial do estado, além de gerar emprego e renda, no último dia 11, os estados de Alagoas e Sergipe assinaram o Protocolo ICMS 23/19, que permite que o leite in natura do estado vizinho seja processado em industrias sergipanas e retorne para o estado de origem, onde será comercializado. Os laticínios sergipanos têm capacidade de processar até 800 mil litros de leite/dia, mas o estado não tem esse volume de produção. A parceria reduzirá a mão de obra ociosa.
A produção de leite em Sergipe cresceu 28,5% no 1º trimestre de 2019, na comparação com o mesmo período de 2018. Nesse tipo de comparação, foi o segundo maior crescimento do Nordeste, só perdendo para a Paraíba (que possui uma produção muito menor que a sergipana). Em relação ao trimestre imediatamente anterior (4º trimestre de 2018), somente a Paraíba (+12,9%), Maranhão (+12,7%) e Bahia (+0,5%) registraram alta. Em Sergipe, a queda foi de 8,7%.
Dados de produção de Leite em Sergipe
Quantidade de leite cru produzido, resfriado ou não, adquirido (em mil litros) | |||||
UF | Trimestre | ||||
1º trim/18 | 2º trim/18 | 3º trim/18 | 4º trim/18 | 1º trim/19 | |
Maranhão | 16.130 | 15.851 | 13.589 | 15.726 | 17.727 |
Piauí | 3.876 | 3.897 | 4.395 | 4.666 | 4.282 |
Ceará | 62.377 | 61.919 | 70.361 | 76.150 | 76.122 |
Rio Grande do Norte | 16.221 | 17.974 | 18.921 | 20.617 | 18.548 |
Paraíba | 13.964 | 15.647 | 15.577 | 17.181 | 19.403 |
Pernambuco | 55.329 | 57.321 | 60.601 | 68.008 | 63.817 |
Alagoas | 14.865 | 17.073 | 16.257 | 19.150 | 18.780 |
Sergipe | 37.353 | 42.927 | 52.446 | 52.550 | 47.989 |
Bahia | 112.842 | 101.233 | 98.942 | 114.645 | 115.230 |
Fonte: IBGE – Pesquisa Trimestral do Leite. |
Cenário da produção de Cana no período de estiagem
A cultura da cana-de-açúcar é de grande relevância econômica em Sergipe, pois auxilia na geração de empregos para o cidadão com baixa escolaridade. O estado conta com cinco unidades industriais, sendo que duas produzem açúcar, etanol e energia (Usina São José do Pinheiro e Taquari), duas produzem Etanol e Energia (UTE – Iolando Leite e Campo Lindo) e uma é responsável pela produção de etanol e aguardente (Usina Junco Novo).
Porém, em decorrência da estiagem, a safra de 2018/2019 de produção de cana-de-açúcar atingiu quase 1,9 milhão de toneladas, maior que a safra anterior, mas menor que a estimada. A falta de chuvas no correr dos anos culminou na redução de produtividade, qualidade e rendimento dos canaviais. Os problemas econômicos adicionais em muitas usinas motivaram desemprego e falência das unidades industriais, fazendo com que o Nordeste, antes destaque na produção de cana, perdesse posições no ranking nacional.
A produção de cana-de-açúcar em Sergipe, na safra 2018/2019, chegou a quase 1,9 milhão de toneladas, registrando crescimento de 10,3% sobre a safra anterior. Um dos derivados da cana mais consumidos, o açúcar, teve um acréscimo de 3,2%; já a produção de etanol hidratado, aquele utilizado diretamente nos veículos, aumentou 77,4%, no mesmo intervalo de comparação; por outro lado o etanol anidro, que é misturado à gasolina, registrou uma queda 20,5% na produção.
Moagem de cana de açúcar – em Sergipe | ||||
Período | Cana-de-açúcar (mil toneladas) | Açúcar (mil toneladas) | Etanol Anidro (mil m³) | Etanol hidratado (mil m³) |
Safra 2017/2018 | 1.719 | 96 | 24 | 46 |
Safra 2018/2019 | 1.896 | 99 | 19 | 82 |
Fonte: UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).
A seca do Nordeste, muitas vezes mencionada como “patrimônio da região”, devido à recorrência do acontecimento, tornou-se um dos maiores desafios para o governo federal. O presidente Jair Bolsonaro tem como referência uma das tecnologias mais avançadas do mundo, realizada em Israel, que consiste na dessalinização da água. O primeiro Centro de Testes de Tecnologias de Dessalinização de água (CTTD) já foi inaugurado no estado da Paraíba e a expectativa é de que a evolução se estenda para todo o Nordeste.
Fonte: UNICOM/FIES