De acordo com o Indicador de Inflação por Faixa de Renda, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a inflação de junho para julho aumentou para todas as faixas de renda. O indicador apontou também que o incremento foi maior para as famílias de renda muito baixa (1,12%), enquanto as famílias de renda alta sofreram com menor incidência (0,88%).
A diferença para a parcela mais pobre da população tem ocorrido porque os produtos que têm subido muito nos últimos meses são os que pesam mais na cesta de consumo dos mais pobres. O argumento é da economista Maria Andreia Lameiras, pesquisadora do Ipea. “Você tem aí alimentos, energia elétrica e gás de cozinha. Isso tudo pressiona mais a inflação dos mais pobres, porque o percentual da renda gasto com esses itens é maior do que para os mais ricos”, explicou Lameiras.
A pesquisa mostra que, no acumulado do ano até julho, o grupo que registrou a maior alta foi o de famílias da classe média baixa, que recebem entre R$ 2.471,09 e R$ 4.127,41 por mês. A variação para esse grupo atingiu 5% no ano. Para o grupo de renda muito baixa, que recebe até R$ 1.650,50, a inflação de janeiro a julho foi de 4,8%, enquanto que para as famílias de maior renda, que recebem por mês mais de R$ 16.509,66, a inflação acumulada alcançou 4,28%.
Os reajustes que causaram maiores impactos em julho para as famílias de renda muito baixa foram os das tarifas de energia elétrica (7,88%), gás de botijão (4,17%), carnes (0,77%), aves e ovos (2,84%), leite e derivados (1,28%).
Para os mais ricos, o principal foco foram os reajustes da gasolina (1,6%), das passagens áreas (35,2%) e do transporte por aplicativo (9,4%). Em 12 meses, a alta inflacionária para as famílias de renda muito baixa reflete as variações de 16% dos alimentos no domicílio, de 20,1% da energia elétrica e de 29,3% do gás de botijão, sinaliza a pesquisa do Ipea.
Leia também: Número de empreendedores caiu 20% em 2020