A Agência Internacional de Energia (IEA) aponta o hidrogênio verde como uma das fontes de energia com maior potencial de inovação, no contexto mundial de economia de baixo carbono. Ao menos 33 países já utilizam o chamado combustível do futuro como estratégia energética.
No Brasil, empresas estrangeiras têm intensificado parcerias com o país para tornar esse mercado viável localmente. Isso ocorre devido ao alto potencial nacional dos setores eólico e solar. Um dos pontos fortes do Brasil é a matriz renovável, o que pode tornar o país um exportador do hidrogêncio verde em alguns anos. Para isso, é preciso superar desafios tecnológicos e regulatórios.
O hidrogênio é um combustível obtido através da eletrólise, processo químico em que uma corrente separa o hidrogênio do oxigênio que existe na água. O gás é chamado de hidrogênio verde quando a eletricidade vem de fontes renováveis. E é aí que o Brasil se destaca.
O hidrogênio pode ser utilizado de diversas formas, como na produção de gordurada hidrogenada, na siderurgia e como combustível para transportes. Mas, uma das suas maiores vantagens é ser um vetor de energia, pois ele permite o armazenamento de energia para ser usada em outros setores.
Já nos transportes leves, o hidrogênio é uma opção sustentável para o processo de eletrificação de veículos. Ao ser queimado, ele não produz dióxido de carbono, um dos gases responsáveis por intensificar o aquecimento global. Ele acaba, portanto, sendo uma alternativa para setores de difícil abatimento de emissões de carbono.
Hidrogênio verde no Brasil
Com foco majoritário na exportação, projetos para viabilizar a produção comercial do hidrogênio verde no Brasil já superam US$ 20 bilhões. Atualmente, as principais iniciativas estão concentradas no Porto do Pecém (CE), Porto do Açu (RJ) e Porto de Suape (PE).
No Ceará, ao menos nove empresas, incluindo as australianas Energix Energy e Fortscue, a francesa Qair, a White Martins e a Neoenergia, assinaram entre fevereiro e setembro memorandos de entendimento para produção do combustível sustentável. Em setembro, a multinacional portuguesa EDP anunciou a primeira usina de H2V do estado, que deve iniciar operação em 2022. O investimento é de R$ 42 milhões e a capacidade de produção será de 250 Nm3/h do gás.
Se metade do potencial das energias solar e eólica — as duas fontes renováveis que mais crescem no Brasil — forem destinadas ao H2V, o Ceará poderá produzir cerca de 20 milhões de toneladas do combustível verde, o que representa 13% do mercado global estimado para 2050, de acordo com dados da FIEC. A estimativa é feita com base em números da Agência Internacional de Energia e perspectivas dos setores de energia, explica Jurandir Picanço, do núcleo de energia da FIEC.
Mercado de trabalho
Além da contribuição para uma economia global de baixo carbono, o desenvolvimento do hidrogênio verde irá movimentar o mercado de trabalho no Brasil. De acordo com o governo do Ceará, só uma das unidades no Porto de Pecém deve criar 2.500 postos de trabalho na instalação e cerca de 800 empregos quando a empresa estiver em operação, a partir de 2025.
Publicado pelo MME, o estudo “Profissões do Futuro na Área de Energia e Implicações para a Formação Profissional”, por sua vez, aponta que o setor irá precisar de operadores de estações e de sistemas de energia, com forte conhecimento em informática. Os empregos na área estarão relacionados ao aprimoramento de processos de produção, armazenamento, distribuição e utilização do hidrogênio, e elaboração de estudos de viabilidade e de escala para sua produção.
Pensando na formação dessa mão de obra, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) oferece diversos cursos de qualificação, aperfeiçoamento, técnicos, de graduação e pós-graduação na área de meio ambiente e energias renováveis para formar esses profissionais que vão ser essenciais para as indústrias hoje e no futuro. O portfólio inclui um curso pioneiro no Brasil para quem quer atuar na área de hidrogênio verde.