A mineradora Vale divulgou seu balanço financeiro apontando, no consolidado do primeiro semestre de 2021, um lucro de US$ 13,132 bilhões. O valor corresponde a 964% a mais que no primeiro semestre de 2020. Convertido em reais, o lucro líquido só do segundo trimestre (meses de abril a junho) foi de R$ 40,095 bilhões, 662% a mais que o mesmo período do ano passado.
O documento também reúne informações do processo de reparação das tragédias de Brumadinho (MG) e Mariana (MG), entre elas, novas metas envolvendo a reconstrução dos distritos de Bento Rodrigues e Paracatu.
Segundo o balanço da mineradora, o bom desempenho se deve “aos maiores preços realizados e volumes de venda de minério de ferro e pelotas, parcialmente compensados por certos custos e despesas que são vinculados ao preço do minério de ferro como, por exemplo, compras de terceiros e royalties, elevados custos de frete e maiores custos de manutenção e serviços”.
A dívida líquida expandida da Vale é atualmente de US$ 11,448 bilhões. Este indicador, que considera o endividamento líquido mais algumas obrigações como as provisões para a reparação da tragédia de Brumadinho, teve um leve aumento frente aos US$ 10,712 bilhões do fim do primeiro trimestre desse ano.
Multa
Mesmo com balanço positivo, a Vale não respeitou duas decisões judiciais que fixaram prazo para a conclusão do acordo firmado em março de 2016 a respeito das duas tragédias em Minas Gerais. Desde 2015, as famílias afetadas vivem em imóveis alugados pela Fundação Renova. Morando geralmente no centro de Mariana ou de municípios vizinhos como Ponte Nova e Barra Longa, elas possuem uma rotina completamente distinta daquela que possuíam nas comunidades da zona rural. Os terrenos onde estão sendo reerguidos os distritos foram escolhidos pelos atingidos. Mas a maioria das casas, que deveriam ter sido todas entregues em 2018 e 2019, conforme o primeiro cronograma negociado, ainda não saiu do papel.
O Ministério Público de Minas Gerais cobra judicialmente uma multa de R$ 1 milhão por dia de atraso com base na última data que estipulava o prazo final para conclusão das obras e iniciativas acordadas: 27 de fevereiro de 2021. Em março deste ano, segundo dados divulgados pela Fundação Renova, apenas sete das 306 moradias previstas estavam concluídas. A pandemia de covid-19 é mencionada como justificativa para os atrasos nas obras.
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