Com apenas 29 anos, a empreendedora Daniela Lacerda comanda uma das principais redes supermercadistas da Bahia, o Corujão 24h, que fatura R$ 285 milhões. Hoje a rede tem seis supermercados espalhados pelo estado, e deve encerrar o ano com outras três novas unidades. Para o ano que vem, a meta é inaugurar o modelo de franquia com minimercados de vizinhança.
Filha de comerciante, Daniela sempre desejou ter seu próprio negócio, mas a família queria que ela estudasse. Ela chegou a fazer direito e trabalhar na área por poucos meses.“Meu pai temia a instabilidade do comércio e queria que eu me dedicasse aos estudos apenas”, diz a empresária.“Acho que a palavra mais certa para descrever a mudança de percurso é ousadia. “Não fui diferente de nenhum empreendedor. Tive coragem e ousadia e continuei. Foi um movimento natural para uma jovem que desde os sete anos de idade abria mão de brinquedos em troca de produtos que pudessem se converter em vendas. É algo que já nasceu em mim”, afirma.
Antes de se tornar supermercadista, no entanto, a empreendedora abriu sua primeira loja física de moda, nos arredores de um ponto comercial do pai. A loja trabalhava com itens importados para revenda, algo pouco comum há 11 anos atrás. “Digo que revolucionei o comércio local trazendo peças de fora em uma época em que ninguém ainda sabia o que era AliExpress”, brinca. Foram R$ 100 mil de receita logo no primeiro ano de loja.
Não demorou muito para surgir o convite para entrar no varejo de bebidas. Junto com o marido, Daniela abriu sua primeira adega em 2014, que vendia cervejas geladas e funcionava 24 horas.
A decisão de operar 24 horas por dia sete dias por semana veio depois de uma análise do perfil do público consumidor na cidade de Feira de Santana e dos arredores. “Desde muito cedo percebemos que faltava entretenimento no varejo local”, diz. “Eram poucos shoppings e bares, e a capital Salvador está um pouco distante. Queríamos trazer valor para a operação e mostrar que não vendíamos apenas bebidas, mas experiência — mesmo fora de Salvador”, acrescenta a empreendedora.
Logo, os consumidores começaram a buscar por produtos perecíveis e a executiva começou a expandir o seu negócio. “Os consumidores passaram a pedir a carne para consumir junto com a bebida. Depois os legumes, e assim fomos ampliando o portfólio”.
Expansão em alta
As expectativas para 2022 são bem otimistas. A executiva espera atingir ganho de meio bilhão de reais com as apostas em inovação e expansão por franquias.
O modelo express adotado por Daniela, tendência entre os grandes varejistas, e a escolha pelo regionalismo, contribuem para o sucesso da Rede Corujão. O otimismo também acompanha as novas preferências do público, compradores entre 30 a 45 anos. “Hoje quem compra com o Corujão está em busca de entretenimento, não apenas produtos”, diz.
Esse entretenimento levou a rede a adotar algumas adaptações, para trazer uma melhor experiência na escolha dos produtos nas gôndolas. Um exemplo dessas adaptações são as pequenas choperias na área de padarias nos mercados.
A empreendedora também prioriza um experiência positiva com os funcionários fora das lojas. De porta para dentro, lidar com grandes demandas e um público consumidor cada vez mais exigente elevou o sarrafo para funcionários sob pressão. Segundo Daniela, saber lidar com isso de forma humana fez a rede crescer de 3 para 500 funcionários em seis anos.
Com o novo modelo de franquias, a intenção de Daniela é alcançar a marca de 100 unidades, de até 400 metros quadrados cada, começando pela Bahia e outras capitais nordestinas. “Temos um centro de distribuição preparado para essa expansão e vamos conseguir chegar a todo Brasil”, diz.
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