Universidades Federais são as maiores detentoras de patentes no Brasil


Universidades Federais são as maiores detentoras de patentes no Brasil
Professor Doutor Antônio Martins no Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFS

De acordo com o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), as universidades públicas são as maiores detentoras de patentes no Brasil. Dos 25 maiores criadores de produtos ou serviços no país, 19 são instituições de educação superior públicas. Os dados levaram em consideração os anos de 2014 a 2019. 

Patentear um produto ou serviço significa garantir exclusividade do mesmo por um determinado tempo. Isto pode ser realizado por uma empresa, instituição de ensino ou pessoa física. Os critérios levados em consideração para que esse direito seja adquirido são a inovação e a possibilidade de industrialização da invenção. 

A Universidade Federal de Sergipe (UFS) vem se destacando ao longo dos anos na criação de patentes. Até 2012, a UFS possuía 52 patentes em seu portfolio. Agora, em 2021, a instituição já soma um total de 221 patentes depositadas. Uma média de crescimento de 36% por ano. 

Para o coordenador da Coordenação de Inovação e Transferência de Tecnologia (CINTTEC) da UFS, o professor doutor Antônio Martins, não é surpresa que as instituições públicas sejam as grandes responsáveis pelos depósitos de patente no Brasil, mas acredita que o número de registros poderia ser ainda maior. 

“A criação de novas tecnologias está relacionada ao conhecimento e este é gerado dentro da universidade. A inovação faz parte da essência da universidade, não exclusivamente, mas está enraizada nas instituições de ensino. Não é à toa que as vacinas produzidas contra a covid-19 foram desenvolvidas dentro de universidades ou em parceria com alguma delas”, destaca Martins.

Por outro lado, o Brasil tem uma média de backlog – tempo que o INPI leva para analisar os pedidos e liberar a carta patente – altíssima; cerca de 9 anos. Isso quer dizer que se um pedido de patente for depositado hoje, ele deverá ser concluído por volta do ano de 2030. “Em 9 anos tudo mudou, o mundo mudou, então aquela ideia que era inovadora pode já nem ser mais tão importante quando a carta for deferida”, explica o doutor da UFS. 

Uma saída que os cientistas e pesquisadores, principalmente os de empresas e instituições privadas, acabam encontrando é o registro da patente nos Estados Unidos ou em países da Europa. Dessa forma, o pedido de patente é analisado e deferido em um ano e a tecnologia pode ser trazida ao Brasil através do Tratado de Cooperação de Patentes entre os países. Isso faz com que diversas patentes que poderiam ter sido registradas no Brasil, sejam feitas no exterior. 

PICS – Programa de Indução à Criação de Startups

Na próxima terça-feira, 27, será lançado, pela UFS, o Programa de Indução à Criação de Startups (PICS). O projeto consiste na escolha de 20 empresas para serem incubadas no Sergipe Parque Tecnológico. As empresas selecionadas terão cinco meses de mentoria e os dez melhores projetos serão apresentados numa vitrine de startups, em fevereiro de 2022. 

CI3 – Centro Integrado de Inovação e Inteligência

A Universidade Federal de Sergipe aguarda a implantação do projeto do Centro Integrado de Inovação e Inteligência (CI3) junto à FINEP, ainda em 2021. Trata-se de um espaço físico onde a pesquisa e o conhecimento serão voltados à cultura da inovação e do empreendedorismo tecnológico e social. 

O ambiente pretende facilitar as inovações, dando-lhes vida. A ideia é reunir no mesmo teto tecnologias e pessoas de diferentes áreas onde projetos se desenvolvam e se concretizem. “Será um mais uma grande conquista para o estado de Sergipe”, anseia Martins. 

O Centro de Inovação será um dos pilares da UFS com foco no desenvolvimento tecnológico, empreendedorismo inovador e transferência de tecnologia. Os egressos da graduação e pós-graduação da UFS irão prospectar, conceber, testar, projetar e explorar processos e produtos desenvolvidos na UFS com sistemas certificados de classe mundial em um ambiente orientado para o desenvolvimento tecnológico.

As pequenas e médias empresas também poderão se beneficiar com o novo centro de inovação, pois muitas vezes não têm a oportunidade de estabelecer unidades-piloto sempre que precisam testar um novo processo/produto. No CI3, as pequenas e médias empresas terão acesso a uma ampla gama de unidades com pesquisadores. Ao fornecer acesso a instalações de pesquisa e conhecimento especializado de processos industriais, o CI3 possibilitará ajudar a melhorar as posições de mercado dos parceiros da UFS conforme previsto no seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI).

 

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