O maior equipamento turístico e de lazer do Estado de Sergipe, a Reserva dos Lagos, localizada no município de Laranjeiras, acaba de ganhar a assinatura de um dos maiores grupos hoteleiros do país: o Nobile Hotels & Resorts. O CEO do grupo, Roberto Bertino, passou os últimos dias visitando o empreendimento e conversando com funcionários e os outros proprietários. O grupo, que já administra 55 hotéis em cinco países, inclusive um deles em Aracaju, passa a somar forças com Luiz Antônio Fernandez Júnior (Marreco), Eduardo do Prado Barretto e Jorge Felizola dos Santos, empresários e sócios no empreendimento.
Prestes a completar 14 anos de atuação, o grupo Nobile é uma das três maiores cadeias e administradoras hoteleiras do Brasil, segundo o relatório “Hotelaria em Números 2020”, da empresa Jones Lang Lasalle, com sede em Chicago, EUA. Em franca expansão, além do Brasil o grupo possui empreendimentos na Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile, com planos de aportar também no Peru e na Colômbia.
A chegada a Aracaju aconteceu há pouco mais de um ano, com o relançamento do Hotel da Costa em parceria com seu proprietário, Antônio Sobrinho. Localizado na Orla da Atalaia, o mais famoso cartão postal da capital sergipana, o Hotel da Costa by Nobile possui 118 apartamentos e, segundo Roberto Bertino, é um dos campeões de avaliações entre os hotéis do Estado.
Recifense, o CEO do Nobile Hotels & Resorts, Roberto Bertino, revela ao CADERNO MERCADO os planos de expansão da rede que incluem novos empreendimentos na região nordeste.
CM: Como pode ser definido o ano de 2021 para o setor hoteleiro no Brasil?
RB – O ano de 2021 pode ser considerado o ano da retomada, com uma sensível melhora na ocupação e nas receitas dos hotéis, apesar da segunda onda da Covid-19, que impactou duramente os negócios até meados de junho. Em julho percebemos o começo da retomada, com melhora substancial nos meses de outubro, novembro e dezembro. O segmento de lazer reagiu primeiro, com o corporativo dando sinais de recuperação. Janeiro seria melhor se não fosse a Ômicron, que gerou 18% de cancelamentos nas reservas dos hotéis. Sempre com visão otimista, entendo que fizemos o dever de casa, tornando-nos muito mais eficientes em custos e fazendo muito mais com menos. Agora, com a retomada da demanda, crescimento da diária média e maior geração de receitas, recuperaremos a margem de lucratividade de nossas operações. Logo, 2021 não merece ser esquecido, 2020 foi um ano bem pior.
CM: E quais são perspectivas para 2022?
RB – Em 2021, considerando dados consolidados da rede, nós atingimos 72% do movimento que tivemos em 2019, no pré-pandemia. Para 2022, consideramos nos orçamentos dos hotéis no primeiro semestre uma meta de 75% do que realizamos em 2019, estimando 100% do que foi 2019 a partir de julho de 2022.
CM: A falta de grandes festas carnavalescas pode causar prejuízos no setor?
RB – Eu acredito que sim, mais especificamente nos destinos que possuem forte tradição de festas carnavalescas. Também acredito que as famílias irão viajar no feriado de carnaval buscando descanso e lazer. Estamos preparando nossos hotéis e resorts para atenderem esse perfil de hóspede no carnaval.
CM: O que a rede hoteleira tem feito para se reinventar nessa crise da saúde?
RB – Bem, penso que nós nos adaptamos muito rápido, implantamos os protocolos de higiene e segurança nos nossos hotéis e resorts, aprendemos a fazer muito mais com menos, pois tivemos que nos adaptar à realidade presente, e mergulhamos profundamente no marketing digital, buscando gerar tráfego, engajamento, conversão e recorrência nos canais de distribuição, reduzindo os custos de comissionamento com terceiros.
CM: Fale um pouco sobre essa presença da rede em Sergipe? O que é que vocês já estão em Sergipe e planejando para o estado?
RB – Em Sergipe nós entramos pela porta da frente, literalmente. Fechamos uma parceria com o Hotel da Costa By Nobile, que foi remodelado recentemente, com investimentos na ordem de R$ 6 milhões. É um hotel que atravessa a retomada mais competitivo do que os demais hotéis de sua cesta competitiva. O hotel é moderno, muito bem equipado e totalmente renovado, tanto para atender o público corporativo, como o de lazer, e, recentemente, nos alegrou bastante a parceria com a Fazenda Boa Luz, onde lá implantamos o Reserva dos Lagos By Nobile, um belíssimo resort inserido na natureza exuberante local, com parque aquático, variadas opções para diversão das crianças, incluindo a fazendinha com diversos animais, contemplação e gastronomia de altíssima qualidade. O resort dispõe de dois tipos de bangalôs, o Premium e o Master, e das unidades Studio, todos muito bem equipados, confortáveis e com excelente padrão de acabamento. O resort foi concebido no modelo de multipropriedade, no qual o proprietário adquire fração da unidade escolhida podendo usufruir das semanas no resort com a família ou, ainda, depositar suas semanas no pool hoteleiro da Nobile, auferindo receita com esta comercialização, como também usufruindo de hotéis e resorts no mundo através da RCI. Estamos em soft opening neste mês de fevereiro, os funcionários já foram contratados, em sua maioria pessoas da região, os quais estão sendo treinados para acolherem os nossos proprietários e clientes, oferecendo-lhes o melhor da hospitalidade Nobile. Queremos crescer a nossa rede no estado de Sergipe em cidades secundárias e terciárias e abertos a novas parcerias. Nesse momento, dedicaremos foco em fazermos do Hotel da Costa By Nobile e o Reserva dos Lagos By Nobile o sucesso esperado pelos nossos investidores.
CM: Em janeiro deste ano a Nolibe Hotels & Resort completou mais um ciclo. Onde a rede já fincou bandeira?
RB – A Nobile foi fundada em 2008 e completou 14 anos no mês de janeiro deste ano. Nós estamos com 55 hotéis e resorts em nosso portfólio, somando 8 mil quartos, com 11 marcas de categorias econômica a luxo, e com presença em cinco países: Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile. Em breve também estaremos na Colômbia e no Peru. Somos uma rede que sabe lidar com gente e ama o que faz. Assim seguiremos sobrevivendo, crescendo e perpetuando.
CM: Como analisa o mercado interno?
RB – Penso que o mercado interno brasileiro tem um potencial incrível. Considere que 86% da nossa demanda turística é oriunda do nosso próprio país, com apenas 14% do mercado estrangeiro. Com as limitações e restrições do fluxo de viagens internacionais, os turistas brasileiros que gastavam no exterior algo em torno de US$ 5 bilhões de dólares por ano, agora estão viajando internamente no Brasil e despejando esse volume de dinheiro dentro do país. Essa realidade se reflete no expressivo crescimento do segmento de lazer, que tem reagido à frente do segmento corporativo, o qual demorará um pouco mais para se recuperar.
CM: O ano de 2022 será marcado também pelas eleições. Com foco no crescimento do setor, você acha que há espaço para a pauta do turismo em Brasília?
RB – Até estranho porque esse tema ainda não está em pauta, pois o Brasil tem grande vocação para o turismo, incluindo suas belezas naturais e seu povo acolhedor. O Governo tem papel de grande relevância na cadeia produtiva do turismo e deve assumir o protagonismo na criação de mecanismos que viabilizem a sobrevivência e recuperação desta cadeia, acelerando reformas estruturais que fomentem o ambiente de negócios, agilize as reformas econômicas e regulação do setor, a exemplo da aprovação da LGT (Lei Geral do Turismo). É cada vez mais evidente que o governo deve exercer um papel central na fixação de critérios de desenvolvimento e na coordenação das atuações dos agentes privados que nele interagem. Assim conseguirá garantir a sobrevivência dessa indústria que gera um em cada 10 empregos no mundo e promove a alegria e felicidade das pessoas. Na Europa, cito a Espanha como exemplo, onde a classe hoteleira trabalha de braços dados com a classe política e outros setores impactados pelo turismo na construção de um planejamento estratégico que gere a sustentabilidade e crescimento do setor turístico. Entre as prioridades, destaco o acesso ao crédito, qualificação da mão de obra, incentivos fiscais e investimentos em tecnologia, incentivado a criação de startups de turismo para concorrer com as plataformas de reservas globais, divulgando os destinos, gerando demanda e reduzindo os custos com comissionamentos de terceiros. Além disso, precisamos de representantes do setor na política, pois assim colocaremos em pauta temas de relevância para o setor.
CM: Em outros estados e municípios, a hotelaria conquistou pautas importantes, a exemplo da redução do ISS. Qual o impacto disse nos estados?
RB – Como exemplo, cito a redução da alíquota do ISS de 5% para 3% no Distrito Federal. Houve grande engajamento da ABIH-DF (Associação Brasileira da Indústria Hoteleira do Distrito Federal), com o envolvimento e atuação de Deputados Distritais e do Governo, que se sensibilizaram com a situação dos hotéis na pandemia. Essa redução garantirá emprego e renda aos trabalhadores da hotelaria local, aliviando os hotéis, sem perdas aos cofres públicos. Esse movimento deve ser replicado Brasil afora, pois irá ajudar o turismo, setor que primeiro foi afetado pela pandemia e o último a se recuperar. Tenho fé em dias melhores.