Mobilidade social no Brasil está ameaçada com a pandemia


Mobilidade social no Brasil está ameaçada com a pandemia
Imagem: Douglas Lopes / IMDS

De acordo com estudo do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), a partir de dados da Pnad Covid19 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), os alunos de escolas privadas tiveram acesso a mais aulas presenciais na pandemia do que estudantes de escolas públicas. O trabalho faz uma ligação diretamente relacionada à escolaridade dos pais dos alunos e ao nível de pobreza dos mesmos, concluindo que a mobilidade social no Brasil está ameaçada. 

Segundo a pesquisa, filhos de pais ou responsáveis mais ricos e escolarizados receberam mais aulas presenciais do que os dependentes de pessoas mais pobres e menos educadas. Este marcador sinaliza um possível aumento da desigualdade de renda e da redução da mobilidade social no país no futuro. 

As diferenças regionais também se revelaram significativas. Estudantes entre 6 a 17 anos do Norte e Nordeste tiveram menos tarefas (75% e 84% deles, respectivamente) do que a média do Brasil (89%). 

Ainda nesta faixa etária do ensino fundamental, foi identificado que alunos sob cuidados de responsáveis ricos e com ensino superior completo (ou além) tiveram mais que o dobro de oportunidade de interagir com professores na pandemia. 

No Brasil, apenas 45% das crianças mais pobres têm pai ou mão que completou o ensino médio. Entre as crianças mais ricas, essa taxa sobe a 97%. Os dados mostram que a pandemia aumentou o risco de a baixa escolaridade dos responsáveis ser transmitida aos filhos, o que restringe a mobilidade social brasileira. 

Impacto da escolaridade dos pais no progresso dos filhos

Os dados, compilados pelo IMDS a partir das bases do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), obtidos após cruzamentos e interpretações com foco específico em mobilidade social, mostram que 25,9% dos filhos de pais que não têm instrução, ou seja, que possuem menos de um ano de estudos conseguem, no mínimo, completar o ensino médio. E uma parcela deles conclui a faculdade e vai além.

Com apenas alguns poucos anos de estudo dos pais, o efeito no progresso dos filhos já é notável.  Aqueles pais que conseguem ter o fundamental incompleto fazem com que 54,7% de seus filhos completem o ensino médio ou vão além. É mais do que o dobro daqueles 25,9% mencionados.

Esses um ou dois anos de estudos de um pai triplicam o percentual de filhos que se formam em uma faculdade ou vão além em seus estudos. Enquanto 4,7% dos filhos de pais sem instrução chegam ao nível superior completo ou mais, são 15% os que chegam lá tendo tido pais com o fundamental incompleto.

 

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