A doutora em biologia celular, Maria Lucila Hernández Macedo, explica como as infecções por Salmonella podem atingir os humanos.
A Salmonella é um microrganismo do grupo das bactérias, especificamente da família das Enterobacteriaceae. Este tipo de bactérias tem preferência por habitar o trato gastrointestinal e é responsável por diversas infecções em humanos e animais, entre elas a gastroenterite. Por se tratar de uma doença comum, com casos de diarreia, dor abdominal, cólicas, náusea, vômitos, fraqueza e desidratação, a gravidade da situação é ignorada, mas pode ser fatal.
“O trato gastrointestinal de animais e humanos é o local que serve de reservatório desta bactéria. Assim, a Salmonella pode ser encontrada dispersa em diversos tipos de ambientes contaminados por fezes, como água e alimentos. A infecção ocorre pela ingestão de água e alimentos contaminados: consumo de hortaliças sem higienização, consumo de carnes, ovos crus ou mal passados”, explica a doutora em biologia celular e docente do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial da Universidade Tiradentes (Unit), Maria Lucila Hernández Macedo.
A infecção pode ocorrer também por falta de higienização das mãos durante o preparo dos alimentos que, ao serem ingeridos, as bactérias são conduzidas ao trato intestinal das pessoas, provocando infecções. “A infecção de humanos com Salmonella resulta em três doenças infecciosas principais: febre tifóide, febre paratifóide e infecção por Salmonella não tifóide (NTS). As infecções mais recorrentes são as febres tifóide e paratifóide causadas por Salmonella typhi e Salmonella entérica serovar Paratyphi (S. Paratyphi), respectivamente”, esclarece.
“Estas infecções são caracterizadas por gastroenterite cujos sintomas podem ser diarreia, cólicas, náuseas, vômitos e febre baixa. as infecções NTS são restritas a gastroenterite (náuseas, vômitos e diarreia) ou bacteremia ocasional (disseminação da infecção no corpo), e geralmente não são fatais. Porém, a Salmonella também pode causar complicações mais sérias tais como septicemia (sepse), sintomas imunológicos, leucopenia e sintomas neurológicos. Essas complicações tifóides e paratifóides são responsáveis por mortes em todo mundo”, ressalta a doutora.
O principal combate às infecções por Salmonella é a através de higienização adequada das mãos e de alimentos crus (vegetais), uso de água tratada e cozimento correto de carnes e ovos. “Contudo, uma vez instalada a infecção, o combate se dá através do uso de antibióticos. Já complicações geradas pela febre tifoide e paratifoide como meningite e septicemia requerem tratamento com antibióticos, incluindo ciprofloxacina, ceftriaxona e ampicilina. Outras complicações graves que podem levar a morte requerem tratamento com antibióticos como cefixima, cloranfenicol, amoxicilina, trimetoprima/sulfametoxazol, azitromicina, aztreonam, cefotaxima ou ceftriaxona”, pontua.
“É importante lembrar que, o diagnóstico e a orientação do uso de antibióticos específicos deve ser feito pelo médico, uma vez que, o uso indiscriminado de antibióticos vem gerando problemas de surgimento de bactérias resistentes a esses fármacos. Além dos antibióticos, o uso de probióticos é um aliado importante no tratamento de infecções por Salmonella”, conclui Maria Lucila.