Brasil aguarda EUA reverem política do aço e alumínio


Desde o dia 26 de abril, os EUA interromperam negociações com o Brasil , de acordo com o governo brasileiro em um comunicado divulgado à imprensa pelos ministérios da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e das Relações Exteriores, o país comandado por Donald Trump impôs como alternativa o pagamento de sobretaxas ou a limitação das exportações a quotas.

Nesta quarta-feira, 2 de maio, o Brasil negou ter feito um acordo com os Estados Unidos sobre a imposição de sobretaxas nas importações norte-americanas de aço e alumínio e lamentou a decisão unilateral de Washington de criar cotas de exportação ao país.

“Não houve ou haverá participação do governo ou do setor produtivo brasileiros no desenho e implementação de eventuais restrições às exportações brasileiras”, afirmaram os ministérios no comunicado, acrescentando que o Brasil “mantém a expectativa de que os EUA não prossigam com a aplicação de restrições” e que “seguirá disposto a adotar, nos âmbitos bilateral e multilateral, todas as ações necessárias para preservar seus direitos e interesses”.

Tentativa de acordo

O Brasil, segundo maior exportador de aço para os EUA, vinha negociando com Washington uma eventual isenção permanente das tarifas de importação, de 25 por cento para aço e de 10 por cento para alumínio, impostas em março pelo governo Trump. O país vinha contando com uma isenção temporária enquanto durassem as negociações.

Na véspera, o assessor de comércio da Casa Branca, Peter Navarro, afirmou que os países que foram isentos das sobretaxas ainda estarão sujeitos a um sistema de cotas de importação, depois que a Casa Branca havia informado na segunda-feira que tinha alcançado “acordos em princípio” com Argentina, Austrália e Brasil.

Os setores

Segundo o governo brasileiro, o setor siderúrgico avalia que “que a imposição de quotas seria menos restritiva em relação à tarifa de 25 por cento”. Já a indústria brasileira de alumínio sustenta que “a alternativa menos prejudicial a seus interesses seria suportar as sobretaxas de 10 por cento”.

As ações de siderúrgicas que viam risco de crescimento das importações de aço no Brasil por conta do desvio de fluxo de comércio dos Estados Unidos, Usiminas e CSN, subiam na bolsa paulista, enquanto os papéis da Gerdau, que tem importantes operações nos EUA, recuavam 0,6 por cento por volta das 13h.

Para o presidente da associação que representa o setor de alumínio no Brasil, Abal, Milton Rego, os norte-americanos implementaram “uma negociação ao estilo Al Capone. Você consegue resultados melhores com um revólver apontado na cabeça”.

Segundo Rego, a Abal prefere a cobrança da sobretaxa de 10 por cento a ter de perder 20 a 30 por cento de suas exportações para os EUA, que em 2017 somaram 55 mil toneladas. Ele afirmou que o sistema de cotas preferido por Washington baseia-se na média de volume exportado nos últimos cinco anos, o que implicaria em 2018 uma redução de cerca de 10 mil toneladas.

“Isso significaria que as empresas (fabricantes brasileiros de alumínio) não poderiam mais ter nenhum programa de desenvolvimento de mercado e nem conseguir completar os contratos em andamento”, disse Rego, acrescentando que os EUA são o primeiro destino das exportações de alumínio pronto para ser usado pela indústria.

Rego comentou ainda que se os norte-americanos estivessem dispostos a negociar uma cota maior ou sobretaxas menores, a Abal poderia ter outra preferência que a atual de pagamento de sobretaxa.

Fonte: Agência Reuters