Produtores rurais buscam alternativas para os altos custos e risco de escassez de fertilizantes


A guerra entre Rússia e Ucrânia trouxe à tona a dependência da importação dos fertilizantes, que são largamente utilizados pelo setor agrícola brasileiro. Cerca de 85% deles são importados, sendo a Rússia um os principais fornecedores do produto ao Brasil. Em decorrência da guerra instaurada, o país não tem conseguido trazer os fertilizantes, por consequência, pode atingir diretamente o desenvolvimento do agronegócio brasileiro.

Dois fatos devem ser levados em consideração neste momento. O primeiro é que o aumento dos preços vem acontecendo antes mesmo da guerra na Ucrânia por causa do aumento da cotação do gás natural e o produtor já vem buscando alternativas mais sustentáveis para o agronegócio. Por meio das capacitações do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Sergipe), aquele que busca o conhecimento tem assistência técnica e gerencial e acompanha as tendências. Além disso, os produtores que planejam sua atividade estocaram fertilizantes desde o início dos constantes aumentos. Em Sergipe, as culturas mais importantes para economia do estado, com maior consumo de fertilizantes são o milho, a cana-de-açúcar e a laranja.

Sobre os preços dos fertilizantes, a Federação de Agricultura e Pecuária de Sergipe (Faese), vem acompanhando a elevação dos preços de insumos cada vez mais dolarizados e escassos e encaminhou ofício ao Governo do Estado, em janeiro deste ano, sugerindo a redução ou até mesmo isenção de impostos sobre os insumos na agropecuária, até o momento aguardamos o posicionamento do governo.

O segundo fato a ser apresentado, embora importe a maior parte dos fertilizantes consumidos, o Brasil possui a sétima maior reserva de potássio do mundo, uma delas está em Sergipe, a outra bacia sedimentar está no Amazonas-Solimões. Essa é uma questão de soberania nacional, o governo precisa encontrar soluções para a viabilidade da produção nacional de fertilizantes e tornar o mercado competitivo, uma solução a longo prazo, mas que em situações como essa colocam a pauta como prioridade para reduzir a dependência das importações. A retomada da produção dos fertilizantes nitrogenados em Laranjeiras, pela Unigel, foi muito importante, além da retomada do Projeto Carnalita, que também deve gerar emprego.

Preocupada com a atual situação, a Federação de Agricultura e Pecuária de Sergipe, ressalta a relevância em discutir políticas estruturantes e trazer medidas para fortalecer o setor agropecuária diante da eminente situação. “O mercado de fertilizantes precisa de incentivos tributários para atração de investimentos, além disso, incentivo em pesquisa de mapeamento das jazidas e tecnologias mais apropriadas, algo que vem complementar como solução a médio e longo prazo. Precisamos buscar a autossuficiência em fertilizantes”, explica o presidente do Sistema Faese/Senar, Ivan Sobral.

Alternativas para o produtor rural

Ainda que a escassez de fertilizantes seja uma realidade prevista pelo Ministério da Agricultura para o segundo semestre, com a alta dos preços, produtores são orientados para redução de custos e buscam alternativas a curto prazo.
A engenheira Agrônoma, Paula Yaguiu é técnica de campo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Sergipe) e orienta os produtores da Assistência Técnica e Gerencial a realizarem a análise de solo para ter maior precisão de quais fertilizantes a planta precisa e em qual momento.

“Uma outra alternativa é o uso de condicionadores de solo, ou pó de rocha, que tem a função de “resgatar” uma parte dos fertilizantes já aplicados no solo, reduzindo custos”, orienta a engenheira agrônoma. A comprovação da eficácia deve ser feita com análises de solo antes e depois da aplicação. A adubação orgânica também tem sido bastante utilizada.

Além disso, o produtor rural que vem fazendo manejo correto da fertilidade do solo poderá encontrar uma reserva de nutrientes do solo, mesmo o produtor reduzindo a quantidade de fertilizante aplicado, a produtividade não terá grandes impactos, explicou a engenheira agrônoma, Julianne Goveia, especialista em solo e nutrição de plantas.

Ascom Faese/Senar