Plano de Desenvolvimento de Sergipe pela Alese é discutido por técnicos


O que era para ser uma reunião virtual via aplicativo, para apresentação de estudos realizados, transformou-se numa espécie de audiência pública com um amplo debate entre os convidados sobre as propostas para elaboração do Plano de Desenvolvimento Sustentável do Estado de Sergipe pela Assembleia Legislativa, na gestão do presidente e deputado Luciano Bispo (MDB); pela Fundação Dom Cabral; e pelos demais setores da sociedade.

No Plano de Desenvolvimento de Sergipe para os anos 2020-30, a Fundação Dom Cabral planeja em mapear os setores produtivos de estado, coletando dados e apontando caminhos, com a finalidade de obter um direcionamento apropriado. Os trabalhos foram iniciados em meados de 2019. A reunião dessa sexta-feira (30) faz parte do cronograma de atividades e serviu para que os técnicos envolvidos apresentassem uma síntese do trabalho que está sendo desenvolvido.

Dados do PIB foram apresentados na reunião

O debate teve início com uma exposição em torno do PIB (Produto Interno Bruto) de Sergipe que, segundo os técnicos, até 2011, vinha numa faixa de evolução, mas que desde então passou a entrar em declínio, chegando a atingir um desempenho abaixo do PIB nacional e dos Estados do Nordeste. O PIB sergipano baseia-se muito na indústria extrativa mineral, na construção civil e com transporte e armazenamento (logística) e sua queda afetou outras atividades, já antes da recessão de 2014 que atingiu o País.

Outro problema apontado pelos técnicos tem relação com a redução drástica de petróleo (desde 2008) e gás natural no Estado (entre 2011 e 2012). Um dado comparado com a produção de petróleo atual e a produção em 2000 verificou uma redução de 60% em Sergipe. No debate amplo que foi realizado, os técnicos explicaram que os dados coletados se deram até 2017, último levantamento até agora feito pelo IBGE. Já sobre a produção de petróleo e gás os números retratam o fechamento do ano de 2019.

Indústria

No debate foi colocado pelos técnicos que, mesmo nos setores em que Sergipe é especializado, a produtividade acaba sendo inferior à nacional e, nos poucos setores em que o Estado apresenta produtividade superior, eles são relativamente pequenos. Foi sugerido pelos técnicos um esforço maior para fazer evoluir essa produtividade.

Agricultura e Aquicultura

Debate foi amplo entre os técnicos

No primeiro quesito, os técnicos concluíram que Sergipe, de uma forma geral, tem baixa produtividade, que vem se reduzindo a cada ano. Uma das sugestões propostas foi o melhor aproveitamento das águas do Rio São Francisco, aspecto que para eles ajudaria a aumentar a produção.

Já sobre a Aquicultura, verificou-se uma forte redução na produção de tilápias e tambaquis, mas um crescimento na produção de camarão, inclusive tendo repercussão no cenário nacional, registrando que os projetos sustentáveis também utilizando as águas do São Francisco têm potencial para expandir a produção dos peixes de água doce.

Transformação digital

Uma das alternativas que vem sendo sugeridas pelo Plano é a busca por uma transformação digital no Estado, com estratégia para diversificar a economia, expandir o mercado de seus produtos nas ações de inovação, capacitando a força de trabalho e atraindo investimentos. Isso para o setor de óleo e gás; para a indústria do turismo; e para o setor de pequenas e médias empresas voltado para a produção regional.

Para isso os técnicos da Fundação Dom Cabral explicaram que é preciso investimento na infraestrutura digital, em um ambiente adequado de negócios, na educação digital dos cidadão, além de uma governança eficiente. Foi dito também que essa “importância da economia digital” foi “reforçada” pela pandemia do novo coronavírus (COVID-19), quando se passou a ter necessidade de conectividade digital, aceleração de digitalização em vários setores ainda atrasados, como a Educação e a Saúde, por exemplo.

Luciano Bispo

Luciano Bispo aprovou o trabalho dos técnicos

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Luciano Bispo, acompanhado do diretor-geral da Alese, Roberto Bispo, do diretor de Comunicação Social, Irineu Fontes, e do coordenador do Plano de Desenvolvimento, Marcelo Barberino de Oliveira, também prestigiou a exposição feita pelos técnicos via aplicativo.

Luciano Bispo agradeceu o empenho de todos na elaboração deste Plano de Desenvolvimento que terá 180 páginas. “Este é um estudo valioso que a Assembleia Legislativa teve o compromisso de buscar para ajudar o Poder Executivo, de uma forma bem transparente, numa demonstração que todos nós estamos preocupados com o futuro de Sergipe”.

Igor Albuquerque

O subsecretário-geral da Mesa Diretora da Alese, Igor Albuquerque, também participou do debate, valorizou a qualidade do trabalho que vem sendo desenvolvido pela Fundação Dom Cabral. “Confesso que estou ansioso por este documento, até pelo fato de vim sendo elaborado pela Alese e pela Fundação Dom Cabral”.

“Percebo esta discussão sobre uma nova governança, que é algo que implica em novas políticas públicas, mas vejo com preocupação a necessidade de se mediar essas políticas. Aqui no nosso Estado nós já temos algumas iniciativas como o Observatório de Sergipe. Mas é importante registrar que, quando completamos 200 anos, Sergipe ganha sim um grande presente com esse plano que representa um grande investimento de planejamento”, completou Igor Albuquerque.

Marco Antônio Queiroz

Secretário destacou empenho dos gestores da Alese

O secretário de Estado da Fazenda, Marco Antônio Queiroz, foi outro que reconheceu a iniciativa da Alese e também avaliou como um “presente” o Plano de Desenvolvimento para o governo do Estado e os sergipanos de uma forma geral. “Os dados levantados vão ajudar na elaboração da LDO, do PPA. É impressionante o potencial do petróleo e gás nas nossa economia, chegando a afetar outros setores com a redução dos campos, mas estamos aqui analisando o passado e avaliando novas matrizes econômicas para o futuro. Em 200 anos este é um grande presente para o nosso Estado”.

Juliano Souto

O vice-presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), Juliano César Souto, também participou do debate e enalteceu a iniciativa da Assembleia Legislativa de Sergipe e do deputado Luciano Bispo pela elaboração desse Plano de Desenvolvimento Sustentável do Estado. “É extremamente fundamental para Sergipe que a Assembleia Legislativa dê continuidade a esse plano, amplie as discussões, continue assumindo esse protagonismo tão importante e necessário para o nosso Estado”.

Araci Nascimento

Mestre em Direito, a servidora da Alese Araci Nascimento, participou do debate com os técnicos da Fundação Dom Cabral. Como pesquisadora, ela lembrou que a até algumas décadas a economia de Sergipe se baseava na agricultura e na pecuária, e que só depois veio a exploração extrativista mineral. Ela registrou a baixa produtividade dos campos de petróleo do Estado, mas registrou que o pré-sal ainda não é explorado e que, mais recentemente, Sergipe vem ganhando investimentos no setor de gás natural, o que está sendo colocado para muita gente como uma fonte de esperança para o futuro.

 

Fonte: Agência de Notícias da Alese/ Fotos: Joel Luiz