Jean Naouri tenta corrigir o rumo do Casino no Brasil


Foto: Bourse Lefigaro

A união da Cnova Brasil à Via Varejo e compromissos com acionistas do Pão de Açúcar são os caminhos escolhidos pelo presidente do grupo francês

O Casino, controlador do GPA (Grupo Pão de Açúcar) e também da Cnova NV (que reúne os sites da empresa no mundo), está fazendo correções de rota para tentar achar uma saída para a situação que enfrenta hoje. Essas correções são visíveis em duas ações principais: no plano de trazer de volta a Cnova Brasil para a operação do Casino no País – unindo-a à Via Varejo, que opera as redes Casas Bahia e Ponto Frio; e na decisão tomada nesta semana de criar uma “carta de comprometimento” do Casino com os acionistas do GPA, após reação negativa do mercado.

Após 11 reuniões entre o comitê e advogados do Casino, o grupo decidiu assegurar alguns direitos de governança corporativa aos acionistas do GPA.
Foi nesse ambiente que o Casino decidiu entregar a sua controlada uma “commitment letter”. Essa carta, na prática, define direitos ao GPA. Passa, por exemplo, pela garantia de o GPA indicar pelo menos um membro no conselho da Cnova – pode chegar a três – e analisar uma oferta primária ou secundária para Cnova NV, ampliando a liquidez das ações, a partir de dois anos (2018).

Três analistas ouvidos pelo Valor consideram isso um avanço, levando em conta que, num primeiro momento, quando informaram que seria colocada em discussão a proibição da alienação dos papéis pelo GPA, não havia qualquer sinalização de direitos ou garantias.

O fato é que é improvável que essa ampla reorganização promovida pelo Casino não seja aprovada, tanto em relação à união de Via Varejo e Cnova, quanto no que se refere a não alienação das ações de GPA na Cnova NV.

A união das duas empresas é colocada pelo controlador francês como peça fundamental para que os dois negócios recuperem resultados. É isso ou se fica onde está – e a fotografia hoje não é muito animadora. As duas empresas precisam ganhar mais eficiência, num cenário econômico difícil e após falhas cometidas pela própria gestão na condução dos negócios, tanto na Via Varejo quanto na Cnova Brasil.

Sobre a OPA da Cnova NV, o conselho de administração do GPA já aprovou esta semana a não alienação dos papéis, desde que os direitos mencionados pelo Casino sejam respeitados. Portanto, é um ponto que deve passar pela assembleia.

E na assembleia de Via Varejo, com a família Klein já aprovando desde já a proposta de fusão de Cnova com Via Varejo – em reunião prévia entre acionistas, os Klein se comprometeram a votar favoravelmente (eles têm 27% da empresa e 18% das ações com direito a voto) -, é bem possível que avance.

Com o andamento dos planos do grupo francês por aqui, o presidente do Casino, Jean Charles Naouri, começa a resolver parte dos problemas no país. Uma segunda fase desse processo envolve a pós-fusão de Via Varejo e Cnova Brasil, quando a companhia combinada terá de buscar as eficiências que prometeu ao mercado – são previstos R$ 570 milhões em sinergias e ganhos. O ‘grosso’ desse montante, disse o comando da Via Varejo ao Valor, terá que vir logo, em um ano e meio.

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