Investimento no Tesouro Direto cresce 7,5% durante pandemia

O economista Josenito Oliveira, professor da UNIT, concedeu entrevista exclusiva ao Caderno Mercado para analisar números

Investimento no Tesouro Direto cresce 7,5% durante pandemia
Imagem: Arquivo pessoal

Em recente balanço publicado pelo Governo Federal, o investimento no Tesouro Direto apontou crescimento de 7,5% durante a pandemia. O Tesouro Direto é um Programa do Tesouro Nacional desenvolvido em parceria com a B3 para venda de títulos públicos federais para pessoas físicas, de forma 100% online. Lançado em 2002, o Programa surgiu com o objetivo de democratizar o acesso aos títulos públicos, permitindo aplicações a partir R$ 30,00.

Em março, 390.394 novos participantes se cadastraram no Tesouro Direto. O número total de investidores cadastrados ao fim do mês atingiu 10.285.781, o que representa aumento de 57,9% nos últimos doze meses, fator que contribuiu para o crescimento da carteira. O número de investidores ativos chegou a 1.479.805, uma variação de 21,9% nos últimos doze meses. No mês, o acréscimo foi de 9.357 novos investidores ativos.

Em entrevista ao Caderno Mercado, o economista Josenito Oliveira, professor da Universidade Tiradentes, analisou os números de março publicados no balanço do Tesouro Direto.

CM: O valor total investido no Tesouro Direto, títulos públicos de renda fixa, foi de R$ 62,8 bilhões em março de 2021. No mesmo mês de 2020 eram R$ 58,4 bilhões. O estoque cresceu 7,5% durante a pandemia. Qual seria o motivo para esse crescimento?

JO – Por atender as três dimensões do investimento, baixo risco, ótimo retorno e liquidez imediata. Geralmente o investidor é avesso ao risco e em tempos de pandemia quer ter segurança. Com relação à rentabilidade os títulos do Tesouro Direto são os títulos de renda fixa com maior rentabilidade. Já na dimensão liquidez o Tesouro Selic tem liquidez diária e não sofre as pressões do mercado, pois trata-se de um título pós-fixado, ou seja, não corre o risco de ver uma desvalorização do título. Deve forma, serve muito bem para compor a chamada reserva de emergência.

CM: Em relação ao prazo de emissão, 15,4% das vendas no Tesouro Direto no mês corresponderam a títulos com vencimentos acima de 10 anos. As vendas de títulos com prazo entre 5 e 10 anos representaram 46,6% e aquelas com prazo entre 1 e 5 anos, 38,1% do total. O brasileiro sempre foi conhecido por ser bastante imediatista, mas pela pesquisa dá pra perceber que a grande maioria dos brasileiros faz investimentos de médio e longo prazo. A que se deve esse perfil?

JO – Essa é uma característica apenas dos investimentos no Tesouro Direto, não dos investimentos como um todo. Uma das principais vantagens do Tesouro Direto é a possibilidade do investidor montar sua carteira de acordo com os seus objetivos, adequando prazos de vencimento e indexadores às suas necessidades. Os títulos do Tesouro Direto são uma opção de investimento mais segura e rentável para quem deseja realizar algum projeto de médio e longo prazo.

CM: Foram realizadas, no mês, 455.054 operações de venda de títulos a investidores. A utilização do programa por pequenos investidores pode ser observada pelo considerável número de vendas até R$ 5.000,00, que correspondeu a 81,8% das vendas ocorridas no mês. O valor médio por operação, neste mês, foi de R$ 7.454,64. Qual o motivo para mais de 80% dos investimentos terem sido de até R$ 5 mil? O brasileiro está com menos dinheiro, ou com mais receio, de investir?

JO – Um pouco dos dois. Isso é um reflexo da formação da renda do povo brasileiro, em sua maioria com baixos rendimentos, portanto os investimentos individuais também são baixos. Reflete também o perfil dos investidores, onde o maior contingente se concentra na categoria dos conservadores.

Para conferir a íntegra do balanço publicado pelo Tesouro Nacional acesse Tesouro Transparente.

 

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