Um levantamento realizado pelo Ibre/FGV revelou significativa redução de postos de trabalho para quem possui poucos anos de estudo ou que não concluiu o ensino médio. Para quem tem até três anos de estudo, a redução foi de 20,6% em comparação ao ano de 2019. Para os de nível de escolaridade entre quatro e sete anos, 15,8%. O percentual de 15,9% ficou entre pessoas com oito a 14 anos de estudo. De acordo com esses números, o estudo indica ainda que esses grupos deverão ser os mais prejudicados no pós-pandemia.
“A pandemia agravou ainda mais as diferenças sociais que temos em nosso país. Esses trabalhadores foram duplamente afetados. Isso porque os serviços que executavam não podem ser realizados remotamente e a baixa escolaridade acaba impedindo de atuar em outras áreas”, diz Maria Luísa Teodoro, coordenadora do Unit Carreiras.
Maria Luísa observa que os trabalhadores com menor escolaridade acabam sendo os primeiros a serem demitidos e sem a possibilidade de reposição enquanto não houver, de fato, uma melhora na pandemia.
“O setor de serviços gerais, por exemplo, foi um dos primeiros a serem cortados. Sem fluxo de colaboradores nas empresas por conta do home office, reduz-se a quantidade de serviço geral necessária naquele ambiente. Da mesma forma nos lares onde não se pode ter contato com muita gente. Os trabalhadores domésticos, com e sem carteira de trabalho, foram os mais afetados e, alavancar, novamente, esses postos que vai demorar um pouco, infelizmente”.
Segundo a especialista em empregabilidade, oportunidades têm surgido, porém muito específicas. O mercado, nesse momento, tem demandado profissionais qualificados e, principalmente, com a expertise em tecnologia. Para mudar esse cenário é preciso fomentar junto a esse público a necessidade de buscar escolaridade, aprimoramento, novas habilidades e conhecimento.
“Quando a economia for retomada os postos de trabalho voltarão e é importante sair na frente, estar preparado. As empresas continuarão demandando serviços, mas é preciso pensar que esse é um momento de se aprimorar, buscar expertise, adquirir escolaridade, para que não seja tão afetado, principalmente por esse processo de otimização tecnológica. Então, quem não entrar no mundo tecnológico, não compreender essa mudança, vai ficar aquém do mercado e, consequentemente, para se recolocar ficará mais complicado. É importante se qualificar para que seja possível alcançar oportunidades no mercado”, finaliza.
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