Estratégias: por que são a base do negócio – e como ainda não entendemos isso


Um professor da Harvard afirmou que estratégia se refere às escolhas: você não pode ser tudo para todos |Foto: iStock

Até a década de 1960, a palavra “estratégia” esteve praticamente fora das mesas de reuniões – sendo colocada mais frequentemente em assuntos diplomáticos e nos campos de batalha (que não tinham nada a ver com empreendimentos) do que na boca de empresários. Pensando nisso, o empreendedor americano Alex Slater, fundador e diretor da Clyde Group, escreveu um artigo para o site Entrepreneur no qual discute a importância da estratégia no mundo dos negócios – e por que nós passamos a adotar a palavra e a ideia em nosso cotidiano profissional a partir de uns anos para cá.

Pense bem: atualmente, as estratégias fazem parte da base de qualquer negócio. Se você olhar a sua volta, encontrará artigos, palestras, matérias jornalísticas e outras fontes de informação nos quais são levantadas as necessidades exigidas para o ato de empreender – e de como nossas escolhas devem ser corajosas e firmes todos os dias a fim de seguir este caminho de sucesso, não é verdade?

Claro, muitas destas informações são úteis, outras, nem tanto. Mas é interessante sabermos identificar algumas problemáticas do mundo “business” tal como, por exemplo, o papel da estratégia e a delimitação existente entre a teoria e a execução, ou, mais precisamente, a implementação.

Porém, vamos dar um passo atrás. Antes de mais nada, é necessário entender qual a definição de estratégia, uma vez que a palavra é prolífica – sendo usada em demasia ou em um contexto errado entre profissionais de diversas áreas. Você sabe o que é? Pois bem: a estratégia é algo MUITO diferente do que alguns líderes e consultores oferecem como sendo um serviço. Também não tem nada a ver com a definição de que seja algo “do qual você se orgulha”. Não! Estratégia é, simplesmente, em sua essência, saber fazer escolhas inteligentes.

Ora, você pode se perguntar, “mas, afinal, a gente não deveria escolher bem todos os dias?”. Sim, é óbvio. Idealmente, teríamos de planejar e executar ideias de maneira ponderada. Mas, o planejamento estratégico é algo orgânico – ele flui e evolui. Por isso, a palavra “estratégia”, em si mesma, não significa uma solução final para qualquer problema. Ela é mais um caminho do que um destino. E no contexto profissional ela ser inerente a cada escolha ou plano que projetamos.

Talvez você esteja ainda mais confuso agora: afinal, quando estamos realmente sendo estratégicos? Quando não estamos? Para entender melhor, observe as situações comuns de todo profissional a seguir:

1. Estratégia não é ter um trabalho terminado

 “Execução estratégica” significa, simplesmente, “execução”. Porque, no fim das contas, se você está na fase de implementação do projeto, certamente já está seguindo uma estratégia. Se liga: há uma distinção fundamental entre estratégia e eficácia operacional.

2.  Não se trata apenas de “fazer mais”

Ao contrário. Frequentemente, ter um planejamento significa fazer menos! Um dos responsáveis pela campanha política de Barack Obama, nos Estados Unidos, disse certa vez que “pessoas têm a tendência de complicar o senso comum em seu próprio negócio”. Ele estava certo. Nós nos jogamos em processos desnecessários, serviços que clientes não precisam – tudo em nome de uma ‘estratégia’. Além disso, o professor da Harvard Business School, Michael Porter, afirmou que a palavra se refere, fundamentalmente, às escolhas: você não pode ser tudo para todos.

3. Planejamento estratégico é sobre adaptação

Muitas grandes empresas (mesmo as melhores) colocam seus clientes em longas sessões de planejamento, até mesmo por meses, antes de tomar qualquer atitude significativa. Charles de Gaulle já advertiu que estratégia é sobre a criação de um plano – e a execução dela tem a ver com adaptação.

4.  Ela não é sempre empolgante

E isso é OK! Vamos colocar as coisas no lugar, esquecer um pouco a ideia megalomaníaca de querer ser o “rei das estratégias de sucesso”. Na maior parte das vezes, elas serão simples. Por exemplo, você já parou para traçar quem é seu público-alvo? O que você deseja que eles pensem? E como você conseguirá atingi-los? Pois é, são estratégicas básicas – porém, essenciais. Que tal limitar o uso desta palavra para quando ela, realmente, significar alguma coisa? Tenha confiança não só na qualidade da ideia, como também na eficácia da sua ação.

Brasil Econômico/IG