Ecossistema sergipano de startups entra no radar nacional e traz consigo desafios
Autor do artigo: Thiago Noronha Vieira | E-mail: thiagonoronha@acnlaw.com.br
Advogado. Sócio do Álvares Carvalho & Noronha – Advocacia Especializada (ACNLaw). Pós-Graduando em Direito Empresarial pela PUC/MG. Diretor Jurídico do Conselho de Jovens Empreendedores de Sergipe (CJE/SE). Membro da Escola Superior de Advocacia (ESA/SE).
Existe um verdadeiro frisson no mercado mundial quando se fala sobre startups. Os novos modelos de negócios enxutos, replicáveis, escaláveis e mundiais respondem a um estímulo de mudança na economia global e trazem novos paradigmas do ponto de vista empresarial. O principal deles encontra-se na criação e existência de ecossistemas de inovação. Verdadeiras comunidades vívidas e plurais que congregam diferentes atores sociais, desde estudantes, empreendedores, grandes empresários, instituições, universidades, empresas e estado.
Em recente mapeamento, encontramos uma série de ecossistemas ou comunidades de inovação em doze estados da federação, a saber: Amazonas, Alagoas, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo. A existência destas comunidades, é bem verdade, não é garantia de sucesso das startups que comumente têm uma taxa de mortalidade em torno de 75%1, segundo dados de Lindália Reis, uma investidora anjo que comanda a Ions Inovation.
A alta rotatividade e, sobretudo, a imaturidade de boa parte dos empreendedores que se propõem a criação de startups no Brasil trazem grandes incertezas. Entretanto, os cases de sucesso, sempre meteóricos, alavancam um mercado em expansão. Sergipe, por exemplo, colocou-se no mapa recentemente, após o aporte de 2,5 milhões do fundo de Venture Capital Criatec 2 na fintech Paggcerto2.
A existência de um ecossistema não é garantia de sucesso de uma startup, assim como a existência de uma startup em estágio de tração ou mesmo um unicórnio (empresa com avaliação de mercado superior a um bilhão de dólares) não garante o sucesso do ecossistema. Há uma teia de conexões, muitas vezes não relacionadas que garantem o sucesso deste mercado ainda tão incipiente.
Num universo onde boa parte dos negócios começam sem nenhum investimento grande de capital (bootstrap) e com poucos sócios (dois terços das startups catalogadas possuem até cinco pessoas em seus times) e que metade é composta apenas por estes, resvala na estatística cruel de que a grande causa da mortalidade já dita advém de desentendimentos societários.
Sergipe desponta como um dos polos de inovação do país, porém disputa com outros já consolidados e próximos do aporte de capital (regiões Sudeste e Sul, por exemplo). Entretanto, iniciativas recentes da comunidade e apoiadas por instituições maiores, como é o caso do Inova+SE, podem alavancar o status do ecossistema sergipano para alçar voos maiores. Não existe receita de bolo, mas certamente há muito desejo e suor para que isto aconteça num horizonte breve.