Segundo a Consultoria SuperData, o mercado mundial de games cresceu 12% o seu faturamento em 2020. De acordo com o levantamento, o setor de jogos digitais teve receita de US$ 126,6 bilhões ano passado e 58% desse número veio do mercado de jogos mobile.
O Brasil é o 13º maior mercado de jogos eletrônicos do mundo. Por aqui, já são movimentados US$ 1,5 bilhão por ano, de acordo com um estudo da consultoria Newzoo. Em entrevista ao Caderno Mercado, o empresário Tiago Melo, sócio da única empresa de desenvolvimento de jogos de Sergipe, a Lumen Games, falou sobre os desafios de empreender nessa área no estado.
CM – Como foi o início do empreendimento há 17 anos, quando a empresa foi fundada?
TM – No começo, a empresa focou principalmente na prestação de serviços. Nos três primeiros anos, de 2004 a 2007, o nosso foco foi maior no mercado brasileiro, mas após esse período começamos a focar também no mercado internacional. Foi aí que percebemos que nós precisaríamos nos especializar mais, pois as exigências de qualidade do mercado fora do país eram altíssimas. Então, estudamos muito e fomos aprendendo a desenvolver os games com mais profissionalismo. Apenas em 2015, nós começamos a ver a possibilidade de criar os nossos próprios jogos, até então nós apenas prestávamos serviços para outras empresas.
CM – Qual o principal foco da empresa agora?
TM – O nosso foco maior hoje é o mercado chamado Free-to-play, que são basicamente os jogos gratuitos para dispositivos móveis. Nós desenvolvemos nosso próprio jogo gratuito, disponibilizamos ele nas lojas e conseguimos faturar em cima das micro transações, ou seja, as pequenas compras que as pessoas fazem dentro dos jogos.
CM – Como você avalia o mercado dos games em Sergipe?
TM – A verdade é que nós nunca focamos nosso trabalho no mercado sergipano. Já fizemos um jogo para a Secretaria de Saúde do Estado, mas de uma maneira geral nunca havia muita demanda. Não era o suficiente para que a gente sustentasse a empresa. Ao mesmo tempo, nós entendemos que estarmos localizados em Sergipe não era necessariamente algo negativo. O custo de vida é mais baixo do que em outros grandes centros urbanos, então consequentemente os custos da empresa também são menores, com aluguel, salários, etc.
CM – Como foi possível contornar a baixa demanda local por desenvolvimento de jogos?
TM – Nós começamos a prestar serviço para fora do país. A localização geográfica, definitivamente, não é um fator determinante para você conseguir contratos nesse ramo. É possível desenvolver os jogos de forma remota e a pandemia veio para solidificar mais ainda o home office. Nós já tivemos clientes da Finlândia, França, Estados Unidos, Canadá e Alemanha. Tudo isso com a empresa localizada em Aracaju.
CM – Qual o maior desafio hoje para empreender nesse ramo dos games?
TM – A mão de obra. A necessidade por profissionais é alta, mas existe pouca mão de obra. Nós sempre precisamos treinar a nossa equipe internamente. Além disso, acabamos perdendo eventualmente alguns funcionários para empresas de São Paulo, que pagam mais, e também para empresas no exterior, que pagam em dólar. Como o desenvolvedor de jogos pode trabalhar de casa, ele pode ser contratado por uma empresa de qualquer lugar do mundo sem precisar mudar de endereço.
Cursos em Sergipe
Para quem tem interesse em se profissionalizar no mundo dos games, as possibilidades em Aracaju ainda são restritas. Atualmente, apenas o SENAI oferece o curso técnico de nível médio integrado em Programação de Jogos Digitais, no qual o aluno já sai da escola com os dois diplomas (ensino médio e curso técnico concluídos simultaneamente) e a UNIT oferece o curso tecnólogo em Jogos Digitais, que é noturno e com duração de 5 semestres.
Palestra “Empreendedorismo Gamer”
Neste sábado, 15, às 14h, a pedagoga Ana Xisdê, que fez história no cenário brasileiro dos eSports, dará uma palestra sobre como empreender no universo dos jogos digitais e sobre os desafios de uma carreira como gamer. A transmissão será pelo canal do Youtube do Espaço Conceito BB, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro.
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Desafios do empreendedorismo gamer em Sergipe