O que é ser jovem?
De modo simplório, ser jovem é estar com idade entre 15 e 24 anos, segundo a UNESCO ou 15 a 29 anos para o Estatuto da Juventude (Lei nº12.852/2013). Englobando, assim, um período vital entre a infância e a maturidade. No entanto, a definição jovem/juventude varia constantemente, tanto em temporalidade e/ou territorialidade, e ao falarmos de Brasil, um país continental, a juventude é uma categoria fluida. Tanto que tem se adotado o termo juventudes.
Continuando nesta difícil tarefa de definir este período das juventudes, na sociedade brasileira/ocidental, as juventudes começariam com as mudanças da puberdade (funções fisiológicas ligadas à capacidade reprodutiva), seguidas por transformações emocionais/intelectuais e terminaria, possivelmente, quando se concluísse na “inserção no mundo adulto” (fim dos estudos e entrada no mundo do trabalho) talvez seja, este último item, que vem alongando a terminalidade de ser jovem. Segundo o jornal Correio Braziliense, de 03/06/21, essa massa populacional corresponde a uma fatia de 49,95 milhões de pessoas, 24% da população nacional. Chegamos até aqui para explicar ao leitor que em nossa concepção, ser jovem e ser estudante estão intimamente ligados. E estas juventudes estariam, portanto, sobre cuidados da educação e seus profissionais. E é no período estudantil que os principais problemas com essas juventudes ocorrem: os atritos intergeracionais, as transgressões sociais, as doenças sexuais, a drogadição, além de uma apatia e descrédito com o futuro – que subtrai toda perspectiva e propósito de vida.
Contexto da pandemia
Todos esses problemas já eram por si difíceis de lidar sejam por familiares, sejam para instituições de ensino e, numa perspectiva macro, pelas políticas governamentais. Com a pandemia da COVID-19 e por consequência o afastamento social, além da crise econômica, tornou-se tudo ainda mais contrastante. É o que mostra o “Atlas das juventudes” (https://atlasdasjuventudes.com.br/) uma pesquisa que aconteceu entre fevereiro e junho deste ano, feita com mais de 68.000 jovens de diversas regiões do país e que trabalhou a percepção dos jovens em quatro eixos (Saúde, Trabalho e Renda, Educação e Vida Pública). Os números são alarmantes e mostram nosso despreparo para lidar com as causas juvenis. Na saúde o agravamento do isolamento levou 6 a cada 10 jovens a desenvolverem ansiedade, 4 desenvolveram transtorno do sono, além de distúrbio de peso. No eixo trabalho e renda 30% foram jogados em subempregos por conta da pandemia. O último dado alarmante é a Educação, no que diz respeito ao risco da continuidade dos estudos, 40% dos jovens admitem a possibilidade de abandoná-los.
E afinal, diante de todos esses desafios com as juventudes, como nós adultos, responsáveis, pais, profissionais da educação e operadores de políticas públicas podem intervir nesta realidade? Para isso, trazemos o conceito de Juventude Cidadã, explícita no texto Juventude e adolescência no Brasil: referências conceituais.
Perspectivas para o futuro
Esta concepção reconhece os jovens como atores sociais e com potencial competência para resolver problemas reais da sua comunidade, tais como os desafios colocados pelas inovações tecnológicas e transformações produtivas. Mostrando que mesmo diante de toda vulnerabilidade deste grupo, não podemos encará-la de modo excludente, e sim na perspectiva includente centrada, principalmente, na incorporação à formação educacional das competências do século XXI e os quatro pilares da educação, engajando-o em projetos e ações sociais. É nesta perspectiva, que as escolas de tempo integral, entre elas o Centro de Excelência Atheneu Sergipense, vem pautando suas práticas pedagógicas e alcançando, nos últimos anos, resultados expressivos. Fortalecendo nestes jovens o conceito de Projeto de Vida, para formação de um ser humano pleno, autônomo, competente e solidário. Tanto é que nestas últimas semanas, os meios de comunicação do nosso Estado vêm se surpreendendo com um Projeto de Lei feito por uma de nossas estudantes, Lenice Ramos, da terceira série, de 17 anos que pautou sobre a “pobreza menstrual”. Este entre outros projetos de protagonismo juvenil são sopros de esperança neste mundo que para nós, adultos, precisa urgentemente de intervenção.
Por Daniel Lemos, diretor do Centro de Excelência Atheneu Sergipense.
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