CEOs tendem a ficar menos tempo no cargo no Brasil


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Imagem: Jirsak/Conomy Today

A constatação é de uma pesquisa da empresa de seleção de executivos Egon Zehnder, que consultou 20 presidentes de conselhos de administração de empresas de capital aberto no Brasil

Em comparação com outros países, os CEOs brasileiros são mais suscetíveis a serem substituídos em um período curto na gestão. A mudança do perfil requerido para conviver com a volatilidade do mercado nacional explica, em parte, essa troca mais frequente, além da performance ruim. A questão é que, mesmo nesse contexto, as companhias no País ainda se preocupam menos que as de fora com a busca por sucessores.

A constatação é de uma pesquisa da empresa de seleção de executivos Egon Zehnder, que consultou 20 presidentes de conselhos de administração de empresas de capital aberto no Brasil com faturamento anual entre R$ 3,5 bilhões e R$ 15 bilhões. “No tsunami da crise, o planejamento da sucessão não é prioridade, o que pode complicar ainda mais a situação da companhia”, diz o consultor Christian Spremberg, da Egon Zehnder.

Segundo ele, 20% das 50 maiores companhias do Brasil trocaram de comando em 2016. Foi o caso da Telefônica, Braskem, Cosan e OdontoPrev, entre outras. “É possível que, com a instabilidade que enfrentamos, a troca aconteça em um ritmo ainda mais intenso daqui para frente”, afirma.

Historicamente, pelo contexto de mudanças repentinas de cenário político-econômico, o Brasil sempre substituiu com frequência os comandantes de empresas. De 2011 até 2015, 64% das empresas brasileiras que faziam parte do índice IBrX 50 substituíram seus CEOs. “Essa taxa é muito maior se comparada a referências internacionais, onde ela gira em torno de 40%”, diz Spremberg.

Na média geral, os CEOs ficaram 4,3 anos na função, enquanto um CEO internacional costuma permanecer cerca de 6 anos. O tempo de permanência no cargo foi ainda menor nas companhias novatas no índice brasileiro. “A substituição acontece por conta da amplitude dos ciclos que vivemos, que requer um perfil apropriado para cada momento”, diz o consultor André Abram, também da Egon Zehnder. Existe o CEO para fazer crescer, para internacionalizar, para cortar custos. “O Brasil é imprevisível e faz parte da estratégia das companhias acompanhar essas mudanças”, diz.

Promover substituições sem ter feito antes um planejamento adequado é um risco, tanto pela descontinuidade de ações como pela volatilidade que a troca causa na organização. “Podem acontecer surpresas”, diz Spremberg. “Um CEO vai ter sempre um estilo diferente do anterior.”

Segundo Abram, se antes um dirigente tinha até um ano para mostrar a que veio, hoje esse tempo passou para seis meses. “É necessário acelerar o processo de integração do CEO”, diz. Assim como mapear possíveis sucessores internos e do mercado com maior antecedência.

Um substituto hoje precisa aprender muito rápido a cultura da organização. Segundo Abram, a relação de confiança com os principais stakeholders, assim como as alianças, só são estabelecidas depois dos seis meses. “As pessoas estão acostumadas ao comportamento do CEO anterior e não vão reconhecer o do novo do dia para a noite”, afirma.

Valor Econômico