Alzheimer: até 2050 o aumento será de 422% da doença e o custo?


O Alzheimer é uma doença neurológica degenerativa, progressiva e irreversível, caracterizada por perdas graduais da função cognitiva (atenção; concentração; raciocínio; memória), e distúrbios do comportamento (agressividade; irritabilidade) e afeto. A doença é o tipo de demência mais comum e reduz a capacidade de trabalho e relação social, interferindo no comportamento e na personalidade do indivíduo.Ou seja, é uma crônicas com morbidades que acompanha o paciente para o resto de sua vida, ou seja, não há cura.

Com o aumento da expectativa de vida da população e, consequentemente, do número de idosos no País, é preciso cada vez mais que as famílias estejam informadas sobre a doença, para que seja feito o diagnóstico precoce, elemento que é essencial para proporcionar um aumento na qualidade de vida dos pacientes.

Já existem mais de um 1,6 milhão de pessoas acometidas pelo Alzheimer no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz). De 2010 a 2050, o número de pessoas com demência irá aumentar em 422% no Brasil, o que retrata o ritmo distinto do envelhecimento populacional no país. A previsão é de que o número de casos no mundo atinja 135,5 milhões até 2050, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O dia 21 de setembro é Dia Mundial da Conscientização sobre a Doença de Alzheimer, por isso, ao longo de todo o mês, diversos órgãos e instituições do Brasil realizam uma campanha para promover os cuidados com a saúde dos idosos e informar sobre a patologia.

Estatísticas

A mulher no Brasil desenvolve 59% mais demência do que o homem que desenvolve 41%, mas o número pode ser explicado pela tempo de vida. Isso porque é uma forte possibilidade é o fato de que a mulher vive mais que o homem, em média sete anos e a idade é o principal fator de risco para o desenvolvimento de Doença de Alzheimer.

Impactos econômicos

A expectativa de vida de um paciente com Doença de Alzheimer é de 10 A 20 anos com o convívio da doença . Hoje existem tratamentos eficazes que minimizam os sintomas da doença. Entretanto isso aumenta o custo do tratamento. No Brasil, os cálculos ainda são bem dispersos, o que pesquisadores conseguem calcular são estatísticas epidemiológicas da doença, porque é  difícil calcular o valor  exato desses pacientes no Brasil, chegando apenas a valores aproximados .

Os maiores impactados com o custo desses pacientes ficam a cargo das famílias em torno de 90% a 100%, isso porque na maioria dos casos, não há relevância social da doença nos serviços oferecidos pelo Estado. A fase onde se gasta menos é á fase (1) da doença, porém, gera um impacto econômico para o cuidador não remunerado, que geralmente são da família, deixando
de ter uma vida econômica ativa.  Já a fase (3) da doença, os custos são bem elevados, que em muitos casos, associa-se as internações hospitalares, gerando ônus financeiros para o sistema público de saúde (SUS), por apresentar uma debilitação maior.

Custos diretos e indiretos

Os diretos são os relacionados aos custos médicos e não-médicos relacionados ao tratamento, diagnóstico e reabilitação da doença e os indiretos referem-se à perda de produção e produtividade trazidos pela doença ou problema de saúde, como aquele gerado por limitações físicas ou psicológicas e que impactam nas atividades de vida diária da pessoa idosa. Pode-se agregar à análise do custo econômico da doença, uma terceira categoria de custos: aqueles comumente definidos como psicossociais ou intangíveis, cujo cálculo é  difícil ou até mesmo impossível de colocar na ponta do lápis.

Custo de internações no SUS

Custo de internações de idosos é 30% maior para o SUS. As doenças associadas à idade exigem investimentos de mais de R$ 100 bilhões no sistema público de saúde. Segundo dados do Ministério da Saúde de 2017. Essa é uma conta cara, que só cresce e é preciso planejamento para os próximos dez anos, é o que calcula a consultoria Diamond Mountain, para que o SUS se adapte ao novo perfil da população brasileira, com taxas de mortalidade em queda, expectativa de vida mais elevada e maior incidência de doenças crônicas e degenerativas na velhice.

“As doenças infectocontagiosas não são tão caras quanto as crônico-degenerativas, que acompanham a pessoa durante a vida toda, o que pressionará ainda mais os gastos”, afirma a professora do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Kenya Noronha.

O que dizem os terapeutas

André Gordilho

A terapeuta ocupacional e coordenadora do Núcleo da Terceira Idade da Holiste, Michelle Campos, aponta que o prognóstico da doença de Alzheimer é difícil, pois a patologia progressivamente vai incapacitando o indivíduo, e interferindo na realização de tarefas básicas, como se vestir, tomar banho, alimentar-se, dentre outras.

Michelle explica que ocorrem diversas alterações na cognição, no comportamento e no humor do paciente. Um dos sintomas mais típicos do mal de Alzheimer é a perda da memória. “Geralmente a memória antiga é preservada por mais tempo, porém os fatos que acontecem recentemente são esquecidos facilmente”, pontua.

O psiquiatra da Holiste, André Gordilho, salienta que nem sempre é fácil chegar ao diagnóstico rapidamente e reforça o papel da família.

“Na grande maioria dos casos, o idoso só procura ajuda especializada quando uma outra pessoa percebe os sintomas e tem a iniciativa de agendar uma consulta, não raro à contragosto do paciente. Essa teimosia característica da terceira idade deve ser observada com atenção, pois, muitas vezes isso já é sintoma”, observa. O médico enfatiza que a melhor forma de abordar o idoso é com carinho, tentando apresentar a situação.

Segundo Michelle Campos, o tratamento indicado para estes pacientes é no intuito de retardar o avanço da doença. “O objetivo da terapêutica é retardar a evolução e preservar, por mais tempo possível, as funções cognitivas, a autonomia e independência na realização das atividades de vida diária. Além de planejar uma rotina, promover integração social e realizar orientação familiar”, explica.

Remédio para Alzheimer no SUS, como conseguir?

O adesivo transdérmico de Rivastigmina

O familiar responsável pela pessoa com Alzheimer deve levar o doente ao médico no SUS para fazer uma consulta. Na consulta, o familiar responsável pode solicitar que a pessoa com Alzheimer utilize o adesivo. O familiar e o médico irão conversar e ver se é o melhor tratamento para essa pessoa, e se for, o médico irá prescrever a medicação. Com esse laudo a pessoa deve ir até uma farmácia popular e solicitar o medicamento.

E se o remédio não estiver disponível?

Se o remédio não estiver disponível você pode ir até o Ministério Público da sua cidade e solicitar intervenção do Ministério Público (o remédio deveria estar disponível e pode ser reivindicado).

As medicações

Rivastigmina  é uma das medicações disponíveis no SUS e é em adesivos que ela funciona de maneira simples, direta e eficaz. O adesivo é colocado sobre a pele, e começa a liberar o medicamento. A partir daí, a substância entra no corpo e vai direto para a corrente sanguínea, sem passar pelo sistema digestivo. O resultado: o mesmo efeito terapêutico, sem os inconvenientes efeitos adversos! A rivastigmina não é o único medicamento para o tratamento do Alzheimer disponível pelo SUS. A donepezila e a galantamina também são distribuídos gratuitamente na rede pública de saúde.

Além dos remédios, há outras formas de adiar o avanço do Alzheimer. Uma boa dica dos especialistas é a terapia ocupacional e atividades de estimulação, como jogos de tabuleiro, eletrônicos ou quebra-cabeça.

Fonte: Agência Texto/ Convibra/ Caderno Mercado