Vendas de vinho brasileiro caem 30% no 1º trimestre


Imagem: Reprodução/Boa Forma e Saúde

Quantos vinhos brasileiros você vendeu de janeiro até agora? Agora, quantos vinhos importados você comercializou no mesmo período? Se as suas respostas são desfavoráveis ao vinho brasileiro, você é parte de uma estatística. Nesta semana, o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) anunciou uma queda de 30% nas vendas dos vinhos feitos no País no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.

Os motivos que causaram a redução já assolam a indústria brasileira há anos: alta carga tributária, altos custos na cadeia produtiva, queda no poder de compra. Além da quebra de safra de 57% no ano passado, pesou o esforço dos importadores em buscar vinhos mais baratos desde a mudança de IPI (que passou de um valor fixo para uma porcentagem no preço da garrafa). Isso fez com que 84,6% dos vinhos finos vendidos no País fossem, justamente, importados.

A maioria das vinícolas brasileiras sentiu o baque. A Pizzato citou a preocupação dos varejistas, reticentes em repor estoques. “Os dois primeiros meses do ano foram estranhos, mas já começou a melhorar”, afirma Jane Pizzato, que responde pela área comercial em São Paulo. Sem ter como baixar preço, a Pizzato focou em sua linha de custo-benefício, a Fausto.

Para Juliano Carraro, da Lídio Carraro, o grande varejo é mais cruel para os brasileiros, ao fechar contratos diretamente com vinícolas de fora. Já nas lojas especializadas e pequenos empórios, ele diz, o tratamento é diferente.

O diretor-geral da Vinícola Aurora, Hermínio Ficagna, acostumado aos altos e baixos da indústria, disse que está de olho nas gôndolas, tirando o que não interessa ao consumidor, ajustando os produtos.

Chama a atenção o caso das vinícolas que detêm importadoras. A Casa Valduga, que importa a Domno, sentiu queda em vinhos de alto valor nacionais e importados. “Caíram as vendas dos Brunellos, subiram as das novas importações com foco no preço”, diz a diretora comercial Juciana Casagrande. Para a Decanter, importadora dos donos da vinícola Hermann, “o consumidor prefere comprar um vinho importado do que um brasileiro na mesma faixa de preço, por questão de status”, diz o diretor Edson Hermann.

O Estado de S. Paulo