A recuperação dos preços das commodities (produtos básicos com cotação internacional) contribuiu para o aumento das exportações brasileiras e, consequentemente, para o saldo positivo da balança comercial em janeiro e fevereiro. No primeiro bimestre deste ano, a balança acumula saldo positivo de US$ 7,3 bilhões, maior resultado para o período desde o início da série histórica, em 1989.
Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Abrão Neto, uma parcela do movimento de alta de preços é explicada pela base de comparação baixa. “Parte dessa explicação deve-se a uma base de comparação muito baixa no ano passado, mas há de fato uma recomposição parcial nos preços das commodities minerais”, destacou Neto.
O petróleo bruto e o minério de ferro, exemplos de commodities minerais, registraram respectivamente alta de 75,1% e 131,7% nos preços no primeiro bimestre deste ano em relação a igual período de 2016. Já o volume exportado subiu 61,3%, no caso do petróleo, e caiu 3,1%, no do minério de ferro.
“A alta do preço do petróleo parece ter consistência, em razão dos acordos entre os produtores. No caso do minério de ferro, é preciso observar por um pouco mais de tempo para saber a consistência desse aumento”, disse Abrão. A alta nas exportações de petróleo bruto contribuiu para uma conta-petróleo positiva no início deste ano, com superávit de US$ 1,8 bilhão.
Preço e quantidade
Outras commodities cujos preços subiram no primeiro bimestre foram soja (12,7%), carne de frango in natura (21,2%), café em grão (19,2%) e milho (2,9%). Enquanto o volume embarcado de soja e frango aumentou, respectivamente 77,3% e 6,3%, a quantidade embarcada de café recuou 9,8%. Em relação ao milho, o volume e o valor exportados caíram cerca de 80%, em razão da quebra de safra.
Também houve alta de preços e volume exportado em produtos industrializados, caso dos automóveis de passageiros e veículos de carga. No primeiro caso, o preço aumentou 2,1%, e o total vendido para o exterior cresceu 27,4%. No segundo, o preço foi 4,5% maior em relação ao do primeiro bimestre de 2016, e o volume vendido subiu 52,7% no mesmo período de comparação.
No geral, as exportações brasileiras registraram alta de 21,5% nos preços no primeiro bimestre deste ano na comparação com os dois primeiros meses do ano passado. O volume exportado recuou 0,9% no mesmo período. É uma situação inversa em relação à verificada em 2016, quando os preços das commodities estavam em queda e a quantidade exportada de algumas compensava o movimento.
Importações
Do lado das importações, a situação também está diferente este ano. As compras do Brasil no exterior tiveram, em fevereiro, o terceiro mês consecutivo de alta. Em 2016, o país registrou superávit comercial anual recorde – de US$ 47,69 bilhões – mas exportações e importações estavam em queda. O saldo positivo só ocorreu em razão do recuo mais intenso do lado das importações.
Nos dois primeiros meses deste ano, o preço dos produtos importados ficou estável – alta de 0,1% ante igual período de 2016 – e o volume registrou alta de 9,2%. De acordo com Abrão Neto, o principal motivo para essa recuperação é o reaquecimento da economia brasileira.
“O aumento das importações está muito relacionado a um aumento da demanda interna, pelo perfil dos setores que cresceram: combustíveis e bens intermediários. Esse terceiro crescimento mensal e de bens intermediários nos indica um sinal importante de aquecimento da economia”, avaliou.
O secretário de Comércio Exterior reafirmou que, para este ano, o ministério prevê superávit no mesmo patamar dos US$ 47,69 bilhões registrados em 2016. “Pode ser um pouco mais ou menos”.
Agência Brasil