Percentual de famílias com contas em atraso recua pelo terceiro mês consecutivo


Dívidas

DívidasO percentual de famílias com dívidas ficou estável em dezembro de 2017 ante o mês anterior, aumentado, entretanto, em relação ao mesmo período do ano passado. O percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso diminuiu entre os meses de novembro e dezembro, assim como o percentual que relatou não ter condições de pagar suas contas. Na comparação anual, houve alta em ambos indicadores de inadimplência.

 Síntese dos resultados (% em relação ao total de famílias)
Total de endividados Dívidas ou contas em atraso Não terão condições de pagar
Dezembro de 2016 59,0% 24,0% 9,1%
Novembro de 2017 62,2% 25,8% 10,1%
Dezembro de 2017 62,2% 25,7% 9,7%

O percentual de famílias que relataram ter dívidas, entre cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro alcançou 62,2% em dezembro de 2017, o que representa estabilidade em relação ao patamar observado em novembro de 2017. Houve alta, porém, em relação a dezembro de 2016, quando o indicador alcançou 59,0% do total de famílias.

Apesar da alta do percentual de famílias endividadas, o percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso diminuiu em dezembro de 2017 na comparação mensal, passando de 25,8% para 25,7% do total. Entretanto, houve alta do percentual de famílias inadimplentes em relação a dezembro de 2016, que havia registrado 24,0% do total. O percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes, passou de 10,1% em novembro para 9,7% em dezembro de 2017, mas apresentou alta em relação aos 9,1% de dezembro de 2016.

O número de famílias endividadas, na comparação com o mês imediatamente anterior, ficou estável na faixa com renda de até dez salários mínimos. Na comparação anual, ambas as faixas de renda apesentaram alta. Para as famílias que ganham até dez salários mínimos, o percentual de famílias com dívidas alcançou 63,7% em dezembro de 2017, o mesmo patamar observado em novembro de 2017, mas superior aos 61,0% em dezembro de 2016. Para as famílias com renda acima de dez salários mínimos, o percentual de famílias endividadas passou de 54,5% em novembro de 2017 para 54,6% em dezembro de 2017. Em dezembro de 2016, o percentual de famílias com dívidas nesse grupo de renda era de 49,0%.

O percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso apresentou tendências distintas entre os grupos de renda pesquisados. Na comparação mensal, houve queda do indicador apenas na faixa de renda superior. Já na comparação anual, houve aumento em ambas as faixas de renda. Na faixa de menor renda, o percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso ficou estável, em 29,1% em dezembro de 2017.

Em dezembro de 2016, 27,3% das famílias nessa faixa de renda haviam declarado ter contas em atraso. Já no grupo com renda superior a dez salários mínimos, o percentual de inadimplentes alcançou 11,3% em dezembro de 2017, ante 11,7% em novembro de 2017 e 9,8% em dezembro de 2016.

O resultado por faixa de renda do percentual de família que declararam não ter condições de pagar suas contas em atraso também apresentou comportamentos distintos entre os grupos pesquisados, na base de comparação mensal. Na faixa de maior renda, o indicador alcançou 3,2% em dezembro de 2017, ante 3,2% em novembro de 2017 e 3,0% em dezembro de 2016. Para o grupo com renda de até dez salários mínimos, o percentual de famílias sem condições de quitar seus débitos diminuiu de 12,0%, em novembro de 2017, para 11,6% em dezembro de 2017. Em relação a dezembro de 2016, houve alta de 0,9 ponto percentual.

Nível de endividamento (% em relação ao total de famílias)
Categoria Dezembro de 2016 Novembro de 2017 Dezembro de 2017
Muito endividado 14,1% 14,6% 14,1%
Mais ou menos endividado 21,0% 23,0% 23,0%
Pouco endividado 23,9% 24,6% 25,1%
Não tem dívidas desse tipo 40,8% 37,7% 37,7%
Não sabe 0,2% 0,1% 0,1%
Não respondeu 0,0% 0,0% 0,0%

A proporção das famílias que se declararam muito endividadas diminuiu entre os meses de novembro e dezembro de 2017 – de 14,6% para 14,1% do total de famílias. Na comparação anual, houve estabilidade. Na comparação entre dezembro de 2016 e dezembro de 2017, a parcela que declarou estar mais ou menos endividada passou de 21,0% para 23,0%, e a parcela pouco endividada passou de 23,9% para 25,1% do total de famílias.

Entre as famílias com contas ou dívidas em atraso, o tempo médio de atraso foi de 64,3 dias em dezembro de 2017 – acima dos 63,8 dias de dezembro de 2016. O tempo médio de comprometimento com dívidas entre as famílias endividadas foi de 7,1 meses, sendo que 24,8% estão comprometidas com dívidas de até três meses, e 32,9%, por mais de um ano. Ainda entre as famílias endividadas, a parcela média da renda comprometida com dívidas aumentou na comparação anual, passando de 30,0% em dezembro de 2016 para 30,1% em dezembro de 2017, e 22,6% delas afirmaram ter mais da metade de sua renda mensal comprometida com pagamento de dívidas.

O cartão de crédito foi apontado como um dos principais tipos de dívida por 76,7% das famílias endividadas, seguido por carnês, para 17,5%, e, em terceiro, por financiamento de carro, para 10,9%. Para as famílias com renda de até dez salários mínimos, cartão de crédito, por 77,6%, carnês, por 18,9%, e crédito pessoal, por 10,7%, são os principais tipos de dívida apontados. Já para famílias com renda acima de dez salários mínimos, os principais tipos de dívida apontados em dezembro de 2017 foram: cartão de crédito, para 72,9%, financiamento de carro, para 20,2%, e financiamento de casa, para 18,4%.

Tipo de dívida (% de famílias)
Dezembro de 2017
Tipo Total Renda familiar mensal
Até 10 SM + de 10 SM
Cartão de crédito 76,7% 77,6% 72,9%
Cheque especial 5,8% 4,8% 9,6%
Cheque pré-datado 1,4% 1,0% 3,0%
Crédito consignado 5,4% 5,1% 6,8%
Crédito pessoal 10,6% 10,7% 9,8%
Carnês 17,5% 18,9% 10,6%
Financiamento de carro 10,9% 8,9% 20,2%
Financiamento de casa 8,7% 6,5% 18,4%
Outras dívidas 2,9% 3,3% 0,9%
Não sabe 0,1% 0,1% 0,2%
Não respondeu 0,1% 0,1% 0,1%

 

Após cinco altas mensais consecutivas, o percentual de famílias com dívidas ficou estável em dezembro de 2017 e terminou o ano em patamar superior ao observado ao final de 2016. No entanto, o percentual de famílias que relatam endividamento elevado recuou na comparação mensal, ficando estável na comparação anual. A queda das taxas de juros e a lenta ecuperação da renda do trabalho têm favorecido uma recuperação gradual em algumas modalidades de crédito, com impacto sobre o endividamento.

A proporção de famílias com contas ou dívidas em atraso diminuiu ao longo de todo o terceiro trimestre, após ter alcançado o maior patamar do ano em setembro. O percentual de famílias que relataram não ter condições de quitar suas contas em atraso e permaneceriam inadimplentes, também recuou em dezembro. Apesar da melhora recente, os indicadores de inadimplência da pesquisa permanecem em níveis superiores aos do ano passado. A taxa de desemprego ainda bastante alta ajuda a explicar a dificuldade das famílias em pagar suas contas em dia e o pessimismo elevado em relação à capacidade de pagamento.

Peic

A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic Nacional) é apurada mensalmente pela CNC a partir de janeiro de 2010. Os dados são coletados em todas as capitais dos Estados e no Distrito Federal, com cerca de 18 mil consumidores.

Das informações coletadas, são apurados importantes indicadores: percentual de consumidores endividados, percentual de consumidores com contas em atraso, percentual de consumidores que não terão condições de pagar suas dívidas, tempo de endividamento e nível de comprometimento da renda.

O aspecto mais importante da pesquisa é que, além de traçar um perfil do endividamento, permite o acompanhamento do nível de comprometimento do consumidor com dívidas e sua percepção em relação à sua capacidade de pagamento.

Com o aumento da importância do crédito na economia brasileira, sobretudo o crédito ao consumidor, o acompanhamento desses indicadores é fundamental para analisar a capacidade de endividamento e de consumo futuro deste, levando em conta o comprometimento de sua renda com dívidas e sua percepção em relação à sua capacidade de pagamento.

Os principais indicadores da Peic são:

– Percentual de famílias endividadas – percentual de consumidores que declaram ter dívidas na família nas modalidades: cheque pré-datado, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimo pessoal, prestações de carro e seguros;

– Percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso – percentual de consumidores com contas ou dívidas em atraso na família;

– Percentual que não terá condições de pagar dívidas – percentual de famílias que não terão condições de pagar as contas ou dívidas em atraso no próximo mês e, portanto, permanecerão inadimplentes;

– Nível de endividamento – entre muito, mais ou menos ou pouco endividados;

– Principais tipos de dívida – entre cartão de crédito, cheque especial, cheque pré-datado, crédito consignado, crédito pessoal, carnês, financiamento de carro, financiamento de casa e outras dívidas;

– Tempo de atraso no pagamento – entre até 30 dias, de 30 a 90 dias e mais que 90 dias;

– Tempo de comprometimento com dívidas – entre até três meses, de três a seis meses, de seis meses a um ano e maior que um ano.

Em outubro de 2017 houve uma mudança metodológica da pesquisa para refletir melhor as características da população das capitais brasileiras. Deste modo, houve revisão da série histórica a partir de abril de 2016.

Confederação Nacional do Comércio