Para crescer, varejo precisa reinventar a forma como lida com funcionários


Foto: Arquivo Supermercado Moderno

Entender que são feitas de gente deve ser o primeiro passo das varejistas, segundo alguns gestores

A empresa é feita de gente. Os funcionários olham para 10% do que a gente fala, mas prestam atenção a 90% das nossas ações”, afirma Belmiro Gomes, presidente do Assaí, rede de atacarejo do Grupo Pão de Açúcar. À frente de um negócio que soma milhões de transações, Gomes afirma que a liderança deve servir de inspiração para quem trabalha na empresa. “Você lidera pelo exemplo”. A discussão ocorreu no debate de abertura da BR Week (Brazilian Retail Week), realizado na terça-feira (27/06), em São Paulo.

Ao lado de Iuri Miranda, CEO do Burger King Brasil, do especialista em reinvenção de empresas Joe Jackman e de Tracy Francis, sócia da McKinsey & Co, Belmiro Gomes disse que o Assaí tem engajamento para reter o cliente. “A gente atendeu no ano quase quatro vezes mais o número de visitantes da Disney. Sem engajamento, você não tem como motivar quem está no caixa a atender com um sorriso às dez da noite do sábado”.

Para Iuri Miranda, do Burger King, a empresa precisa ter consciência de seus valores e ser honesta com os candidatos que chegam atrás de uma vaga. “No varejo, nós trabalhamos mais quando as pessoas descansam: no sábado, domingo e feriado. Sem essa clareza, você vai remar para um lado e o colaborador vai remar para o outro. É preciso que todos acreditem na empresa”.

O canadense Joe Jackman, criador da Jackman Reinvents, acrescentou o desejo por transparência que hoje é um dos traços dos jovens no mercado — seja como profissionais ou como consumidores. “Os líderes mais bem sucedidos são aqueles mais abertos e até mais dispostos a compartilhar informações”.

Ao trabalhar fortemente sua cultura, a empresa é capaz de criar um ambiente no qual os talentos vão se desenvolver. No Assaí, isso se traduz na escolha por promoção de funcionários, antes de buscar profissionais no mercado. “O crescimento do Assaí tem de significar o crescimento de alguém”, diz Belmiro Gomes. Isso se reflete em uma retenção maior, um dos grandes problemas do varejo.

Para Iuri Miranda, desde que fique claro qual é o trabalho e como a empresa atua, o próprio tempo se encarrega de “filtrar” os colaboradores. “Será que a pessoa sabe onde está entrando? Quem gosta acaba ficando porque está no sangue, se bem que no Burger King, a gente diz que tem ketchup nas veias”, brincou.

Sobre a crise, os executivos deixaram claro que as empresas devem buscar seus próprios caminhos. “Crescemos ano a ano desde 2010 e o Brasil de então não era o mesmo de 2012, nem o mesmo de 2015 e nem é o mesmo de 2017”, disse Miranda. E, para continuar crescendo, as empresas precisam enxergar mudanças, apostar em oportunidades e investir em capital humano. “A gente tem que colocar as pessoas certas no barco”.

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