Mulheres poupam menos que os homens na maior parte do mundo, mostra levantamento em 151 países feito pelo Banco Mundial em 2014. Uma das hipóteses é que existe uma “especialização do trabalho”, na qual é o marido quem cuida do dinheiro.
Mas, como mulheres solteiras também apresentam desvantagem, economistas sugerem outras causas. Entre elas está o menor conhecimento sobre finanças, a menor inclusão bancária – as contas não ficam nos nomes delas – e a menor independência para ir até o banco – seja por restrições culturais, seja pela dupla jornada, que lhes retira tempo útil.
É uma relação de mão dupla, diz Leora Klapper, economista-chefe da equipe de pesquisa em finanças e setor privado do Banco Mundial. Quando a conta está no seu nome, você precisa entender como as finanças funcionam, e isso traz mais resultado.
As mulheres também têm um relacionamento com o dinheiro baseado em “alta frequência e valores menores”, na definição de Klapper. Ou seja, fazem transações mais frequentes, com quantias menores, tanto na hora de pagar quanto na hora de guardar. Por isso, precisam de produtos adequados e tecnologia bancária móvel que permita transferir quantias com facilidade e fazer pagamentos eletrônicos.
Nos dados do Banco Mundial, a diferença na porcentagem de brasileiros maiores de 15 anos que pouparam nos 12 meses anteriores à entrevista foi de 7 pontos: 28% dos homens, 25% das mulheres.
Chefes de família
Outro estudo, feito com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, indica que, mesmo quando as mulheres brasileiras são as chefes de família, há uma defasagem entre o que elas e os homens conseguem poupar. Os pesquisadores do Ipea Marcos Antonio Coutinho da Silveira e Ajax Reynaldo Bello Moreira avaliaram dados das duas POFs mais recentes (2002/2003 e 2008/2009).
Eles consideram o resultado difícil de explicar, já que essas mulheres, em tese, precisam de “maior volume de poupança precaucionária, uma vez que enfrentam maior incerteza no mercado de trabalho e que a maioria delas não conta com o seguro potencial representado pela renda de um cônjuge”. Segundo eles, a “ampla evidência empírica” de que as mulheres são mais avessas ao risco justifica um estudo mais aprofundado.
Fonte: Folha de S. Paulo