Em tempos conturbados na economia mundial, onde quase todos os países, à exceção da
China, se encontram em severas dificuldades econômicas decorrentes da pandemia, vem uma
tal duma guerra pra complicar ainda mais a vida do mundo inteiro. A crise energética
provocada pela guerra está resvalando no mundo todo e isso não deixaria de chegar ao Brasil,
como chegou com força, disparando os preços dos combustíveis, que por tabela elevam os
preços de todos os produtos consumidos pela população. Mas como resolver o problema de
maneira eficiente, sem provocar maiores danos aos brasileiros? Será mesmo que a PEC 1/2022
é a solução do problema, ou realmente é uma ação Kamikaze, como estão dizendo?
Bem, para entender isso, basta lembrar que kamikazes eram os pilotos japoneses da segunda
guerra mundial, que embarcavam em aviões Mistubishi Zero carregados de explosivos, com as
canoplas soldadas, para evitar ejeção ou a fuga dos escolhidos para os ataques suicidas. Era
morrer ou morrer. Pois o apelido é uma boa analogia ao que pode acontecer. As medidas
tomadas são interessantes no prazo mediato, pois aliviam um pouco a problemática do
sustento das famílias em tempos de dificuldades. Entre essas políticas se colocam em destaque
a concessão de um auxílio de R$ 1.000 para os caminhoneiros, a elevação do valor pago pelo
Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, além da ampliação da base de beneficiários do programa
em aproximadamente 1.5 milhão de pessoas. Isso implicará em mais de 40 bilhões de reais nos
gastos públicos.
Entretanto, com a situação inflacionária do Brasil fora de controle, com os custos de
manutenção das famílias elevando drasticamente ao longo dos últimos dois anos e meio, o
ataque do Zero pode terminar sendo ineficiente. Temos uma taxa inflacionária que ultrapassa
os 11% e as medidas iniciais de contenção da inflação, a exemplo da elevação da taxa de juros,
não têm dado certo. Enquanto o Banco Central e o Ministério da Economia caminharem em
sentidos contrários, não haverá solução apresentada que seja realmente eficiente para
melhorar a vida do brasileiro.
Medidas como as que foram tomadas pelo governo Temer funcionaram de forma eficiente,
que encontrou uma ação conjunta prática, com inflação em 10% e Selic em 14.25% anuais. O
Ministério da Economia cortava gastos e o Banco Central aumentava os juros reais. Falta isso
nesse momento, uma política fiscal que seja consonante com a política monetária. Temer
encerrou o governo com inflação a 3.7% e a Selic em 6.5% anuais.
Dessa vez, enquanto o Banco Central faz a parte dele, a classe política coloca mais lenha na
fogueira, elevando os gastos públicos, fazendo exatamente o contrário do que é necessário
para solidificar a recuperação econômica das famílias, que são os maiores atingidos pelos
impactos econômicos. Com a PEC Kamikaze, os brasileiros embarcam em um Zero sem saber
qual o destino, somente que a queda é certa. A justificativa da declaração do “Estado de
Emergência” dá a carta branca para a execução das medidas. Há um grave risco de extrapolar
as contas públicas, a Lei de Responsabilidade Fiscal e o teto de gastos do governo.
Os resultados colaterais da PEC vão implicar numa maior desvalorização do real diante do
mercado, aumento da inflação, crescimento da dívida pública e o risco de o custo final para o
consumidor elevar significativamente. Sem que haja uma receita compensatória, o ano de
2023 poderá ser muito mais complicado que este ano.